Como a pandemia está moldando o design de interiores

Última atualização
03 out 2023
Tempo de leitura
10 min

O interior de nossas casas geralmente passava desapercebido durante o cotidiano. Talvez a gente pouco ligasse para aquela planta implorando por um pouco de água, aquela mancha no sofá que esteve ali desde…sempre? Aquele criado mudo no qual a gente insistia em bater o dedinho do pé ou até mesmo aquela louça pedindo imediatamente para ser guardada no armário. O confinamento mudou essa passividade. Apesar de vislumbrarmos a esperança do retorno à normalidade com as vacinas, é impossível ignorar que estamos passando por um período de transformação. A própria definição de “lar” está em mutação. Neste artigo, listamos as principais tendências de como a pandemia moldará os nossos lares do amanhã. Leia na íntegra:

O interior de nossas casas geralmente passava desapercebido durante o cotidiano. Talvez a gente pouco ligasse para aquela planta implorando por um pouco de água, aquela mancha no sofá que esteve ali desde…sempre? Aquele criado mudo no qual a gente insistia em bater o dedinho do pé ou até mesmo aquela louça pedindo imediatamente para ser guardada no armário. O confinamento mudou essa passividade. Com as pessoas sendo obrigadas a passaram cada vez mais tempo dentro de quatro paredes, começamos a nos sentir mais como peixes num aquário do que sardinhas numa lata. Ao redor do planeta, vimos que moradias antes consideradas apropriadas de repente se tornarem obsoletas.

Apesar de vislumbrarmos a esperança do retorno à normalidade com as vacinas, é impossível ignorar que estamos passando por um período de transformação. Por exemplo, é cada vez mais comum moradores de grandes cidades trocando suas casas ou apartamentos por moradias mais espaçosas em áreas mais afastadas dos centros urbanos.

Nossa resposta à pandemia está focada especificamente no distanciamento social e nos protocolos de higiene que criaram o “novo normal”, como ouvimos incessantemente nos últimos tempos. Porém, após meses, sabemos que a covid-19 mudará nossas casas porque o vírus mudou a maneira como vivemos e queremos viver. Ou seja, a própria definição de “lar” está em mutação. Neste artigo, listamos as principais tendências de como a pandemia moldará os nossos lares do amanhã. Confira a seguir:

A geração Canguru

Na América Latina, ainda é bastante comum encontrar jovens adultos que ainda moram com os pais. Colo, mimo, poupança. São inúmeras as vantagens de compartilhar uma casa com familiares, além de ter a sensação de segurança de estar num ambiente que já conhecido sem necessariamente pagar aluguel, condomínio, luz e água. Porém, esta não é geralmente uma realidade na Europa ou nos Estados Unidos.

Todavia, a chamada “geração canguru” está em pleno auge no mundo. Por exemplo, em setembro deste ano, pelo menos 12% da população adulta do Reino Unido voltou a morar com os pais como resultado da pandemia, de acordo com uma pesquisa do site de finanças finder.com.

Segundo uma matéria da revista Veja, o Brasil já é conhecido por sua demografia jovem e, também, por alojar a “geração Canguru” em expressiva proporção. Em nosso país, há uma década, 20% dos integrantes de domicílios estavam na faixa etária entre 25 e 34 anos, número que saltou para 25% em 2020. Este dado continuará sendo potencializado com adultos brasileiros casando-se cada vez mais tarde e, também, impulsionado pela pandemia que dificulta o acesso ao mercado de trabalho aos jovens e recém-formados com uma economia em crise.

No exterior, a tendência ficou evidente quando Stella Bugbee, de 33 anos, editora geral da New York Magazine, revelou que vivia com seus pais nos últimos 16 anos, fato que manteve em segredo até que a pandemia colocou vários colegas na mesma posição.

Embora voltar para a casa dos pais não seja o melhor dos cenários para muitas pessoas, há um lado positivo para as relações humanas. Nos Estados Unidos, 82% das famílias multigeracionais relatam que morar junto com parentes melhorou o vínculo entre seus membros. Haja casa espaçosa, não é?

Lares ampliados

Fonte: Unsplash

Trabalhar em casa parece que veio mesmo para ficar. Empresas como Google, Twitter e Microsoft anunciaram planos para permitir o trabalho remoto total ou parcial no pós-pandemia. Ao mesmo tempo, a popularidade do ensino domiciliar aumentou drasticamente entre alunos – alguns pais podem discordar disso. Algumas escolas no exterior estão até criando turmas exclusivamente virtuais que terão aulas por videochamadas, com exceção de aulas práticas. Aqui no Brasil não é diferente com escolas particulares solicitando computadores e tablets na lista de material escolar em 2021. Como resultado, nossas casas terão que se adaptar.

Existem duas soluções para uma casa sendo pressionada por espaço: expandir ou dividir. Muitas pessoas estão reformando seus lares, ampliando os cômodos com “puxadinhos” ou criando espaços eficientes.

Empresas estão até oferecendo soluções de design futurista. A Modulr, uma empresa britânica, cria espaços de trabalho elegantes e independentes que as empresas podem instalar nos jardins de seus trabalhadores remotos. A ideia é que as pessoas sintam que estão indo realmente ao trabalho, mesmo que isso signifique descer alguns degraus em direção ao quintal de casa. Enquanto isso, os arquitetos australianos Woods Bagot criaram um conjunto de paredes móveis e telas que podem ser ajustadas para dividir espaços em escritórios caseiros durante o dia e retirados novamente à noite.

Outras soluções são mais improvisadas: em todo o mundo, as buscas no Google por “divisor de quarto” atingiram recordes históricos em agosto. Empresas de arquitetura residencial já relatam o aumento da procura por “ampliação” em seus sites. A hora da reforma é agora!

A ascensão do Cottagecore

A busca por espaço, combinada com a flexibilidade oferecida pelo trabalho em casa, está – literalmente – expulsando as pessoas das cidades. Por exemplo, nos EUA, em junho, a procura por residências em endereços rurais aumentou em 34%, de acordo com Realtor.com.

Há então um novo grupo demográfico de compradores “rurais” no mercado imobiliário: pessoas que nunca teriam imaginado que fossem se mudar para fora de suas cidades ou jovens casais pulando para cidades interioranas ou periféricas.

Portanto, a estética da vida rural será difícil de escapar em 2021, dada a ascensão do “cottagecore”. O cottagecore é uma tendência do design que é uma versão idealizada da vida no campo. Uma forma de escapismo que é o resultado de um mundo caótico marcado pela falência das grandes metrópoles. Ao pesquisar pela hashtag #cottagecore no Instagram, por exemplo, você verá elementos típicos deste estilo: flores, vestidos esvoaçantes, cavalos, hortas e muita natureza. Ou seja, uma atmosfera extremamente bucólica. É como se a pandemia nos forçasse buscar esta segurança no conforto, autocuidado e escapismo no verde.

Hortas Urbanas

Desde março, quando os primeiros confinamentos ocorreram no mundo, as pesquisas no Google por “como cultivar legumes” atingiram níveis recordes. Em um mundo pós-pandemia que contará com casas acessíveis e eficientes, hortas comunitárias ou plantações urbanas estarão no centro de seus projetos. O home-office trouxe essa mentalidade na mente de muitos pais de estarem novamente presentes na vida dos seus filhos e, também, de criar experiências tangíveis com eles partindo da necessidade de criar lares autossuficientes.

Além de hortas, vemos que as casas se transformaram em mini fazendas que incluem tudo, desde a criação de codornas e galinhas até o uso de fertilizantes naturais. Segundo a revista Globo Rural, a procura pelo termo “kit de jardinagem” aumentou 180% entre 17 de março, data do início do isolamento social no Brasil, e 17 de junho, de acordo com o Google Trends. O comércio de sementes também testemunhou um aumento dramático.

Para o veículo, “este é o reflexo de uma sociedade urbana que, na falta de passeios ao ar livre e em confinamento social, está buscando levar a prática da jardinagem e da horta urbana para dentro de casa”.

Energias renováveis

A realidade de uma casa plenamente habitada 24 horas por dia, 7 dias por semana exige uma autossuficiência energética até por uma questão financeira e ambiental. Na verdade, os consumidores estão sentindo no bolso esta alta na tendência do consumo de energia diário em seus domicílios.

De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) e dados do primeiro semestre de 2020, o crescimento da indústria de energia solar foi de 45%, mesmo com a pandemia. “Essa medida é um reflexo do que já vem acontecendo há 7 anos. Nos anos anteriores, a média do crescimento era de 231%, mas mesmo com a pandemia as pessoas estão procurando o serviço”, disse presidente do conselho da ABSOLAR, Ronaldo Koloszuk.

Ainda segundo especialistas do setor, de acordo com a associação, essa tecnologia gera economia de até 95% na conta de luz. Com famílias inteiras permanecendo em casa consumindo energia por um período prolongado, a reação foi obviamente a busca por alternativas que pudessem reduzir custos e a energia solar caiu como uma luva. Geração Canguru, lembram?

Placemaking e comunidades locais

If a building becomes architecture, then it is art. Fonte: Unsplash

A arquitetura “placemaking” está vindo com tudo. Segundo o site Archdaily, o placemaking é um conceito cunhado pela ONG norte-americana, Project for Public Spaces (PPS), para definir os processos de desenho colaborativo de espaços públicos que levam em conta os desejos, interesses e necessidades das comunidades locais.

Um exemplo prático de placemaking é um empreendimento residencial em Londres que irá integrar um espaço de trabalho compartilhado no andar térreo. É realmente um retorno a essa visão de que os espaços residenciais não serão apenas residenciais. Eles incluirão espaços de coworking, por exemplo. Teremos o potencial de beneficiar as pessoas que moram em prédios, condomínios ou bairros com pouca infraestrutura e não apenas indivíduos que podem simplesmente fugir para o interior ou adaptar uma cápsula de trabalho em seu quintal ou jardim de casa.

Após tantas tendências listadas neste artigo, ficamos com uma dúvida finalmente: será que estas adaptações e mudanças serão aplicáveis numa possível nova pandemia? Seria uma potencial doença trazida por um novo vírus semelhante à covid-19? Muito provavelmente não. E mais, estamos nos preparando o suficiente para o grande desafio de nossa geração trazido pelo aquecimento global? A resposta ainda é incerta.

Podemos estar nos arriscando em prever como nossos lares mudarão em 2021, e é de certo modo interessante: depois de passar um ano presos em casa, as portas para o mundo exterior estão se abrindo novamente. Vem, vacina!

Artigo traduzido e adaptado do jornal Financial Times

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