Elementos básicos de design de interiores

Última atualização
06 nov 2024
Tempo de leitura
11 min

Descubra os fundamentos da disciplina por trás da criação de ambientes que inspiram e encantam clientes e modificam a forma de ver e usar os espaços.

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O design de interiores é muito mais profundo e importante do que apenas a escolha superficial de cores e compra de móveis. É uma ciência, arte e disciplina de transformar espaços em ambientes funcionais, que focam as atividades a serem realizadas com segurança, e estéticamente agradáveis, que refletem a personalidade e o estilo de vida de seus ocupantes.

Ao compreender os fundamentos e os elementos do design de interiores, será possível dominar suas variáveis e criar espaços que promovam o bem-estar e a qualidade de vida. Portanto, o designer de interiores é o responsável direto por transformar todos os tipos de ambientes, sejam residências, escritórios, lojas ou de outros usos, adaptando-os às necessidades e desejos de seus ocupantes.

Vemos o design de interiores no conceito contemporâneo como a funcionalidade na distribuição do layout, a entrada de luz natural de qualidade, a composição das superfícies e escolha de materiais para um uso de acordo com os moradores. Fonte: https://pxhere.com/pt/photo/1056201

As Etapas de projeto dentro de um projeto de design de interiores

O processo de design de interiores envolve diversas etapas e elementos, que se entrelaçam para criar um ambiente harmonioso e funcional. As principais etapas incluem desde as primeiras conversas com o cliente para compreender desejos e necessidades, até a execução e acompanhamento da obra.

Podemos resumi-los de forma objetiva em:

  1. Briefing: Entendimento das necessidades, desejos e estilo de vida do cliente, quanto mais conseguimos aprofundá-lo, melhor será o desenvolvimento do conceito e do projeto
  2. Levantamento de medidas e informações gerais e legais: Nessa etapa a visita ao cômodo ou ao edifício é realizada, as plantas baixas, fotografias, medidas e documentação legal são levantadas, além da verificação e necessidade de contratação de outros profissionais para apoio (engenheiros civis, arquitetos, etc)
  3. Conceito de projeto: Definição do estilo e atmosfera desejados.
  4. Escolha de materiais e acabamentos: Seleção de revestimentos, pisos, tecidos e outros elementos.
  5. Projeto de iluminação: Planejamento da iluminação artificial e natural.
  6. Projeto de paisagismo: Conceito sobre o projeto paisagístico
  7. Escolha de móveis e objetos decorativos: Seleção de peças, objetos, acessórios que complementam o projeto.
  8. Desenvolvimento da documentação gráfica: ao longo de todo processo de projeto, há o desenvolvimento gráfico de plantas baixas, de layout, humanizadas, cortes, elevações, detalhes, além de maquetes virtuais, imagens e renderizações.
  9. Execução do projeto: Acompanhamento da obra e materialização das ideias.

Aqui é importante destacar que cada profissional e estúdio possuem metodologias e processos/etapas de projeto próprias, que se adaptam à melhor forma de trabalho desses profissionais, além de momentos estratégicos de revisão e aprovação junto aos clientes. Mesma atenção e importância ao contrato e transparência das partes para os direitos e deveres de contratante e contratados.

Os Elementos do Design

É fundamental que os profissionais de design de interiores saibam, de forma criativa, a trazer soluções funcionais aos espaços, para isso, os elementos do design serão transformados dentro do processo de projeto. Esses elementos do design são as ferramentas visuais, características plásticas e funcionais dos produtos e ambientes e incluem

O ESPAÇO em si com o Ponto, a Linha e os Planos: Cria a sensação de tamanho, de movimento, define formas e superfícies (piso, paredes, teto, janelas, portas etc) e direciona o olhar.

A FORMA: Podem ser apreendidas por sensações de HORIZONTALIDADE ou VERTICALIDADE na leitura de um espaço dependendo de suas dimensões ou elementos (linhas horizontais transmitem calma, enquanto linhas verticais conferem altura e imponência.).

A composição de planos permite volumes de diferentes formas e operações de adição, subtração, repetição, divisão (isso reflete diretamente na concepção arquitetônica do edifício e de suas aberturas). E essas formas ainda podem ser geométricas (quadrados, círculos), retilíneas ou orgânicas (curvas, formas livres).

Dessa forma, cada superfície, plano e forma pode ser trabalhada em suas características de TEXTURA, COR, LUZ E PADRÃO.

A TEXTURA atribui uma qualidade tátil à uma superfície (lisa, rústica, brilhante, opaca, estampada). Similar ao PADRÃO, mas esse foca na repetição de um elemento visual (como floral, geométrico, listrado, xadrez, de bolinha, etc). Essas duas concepções modificam de forma direta a percepção de paredes, de tetos, de superfícies e tecidos de móveis, além de estar diretamente ligado a outras artes como a moda pois marcam profundamente um tempo como um estilo ou época.

A LUZ E A COR interagem intrinsecamente entre si e atuam diretamente nas sensações, humores e percepções humanas do espaço contribuindo diretamente para a criação de um estado de espírito ou conforto/funcionalidade de uso de acordo com as atividades programadas.

O projeto de iluminação atua na essência das atividades a serem desenvolvidas de acordo com a função de um espaço, e permite flexibilidade, criatividade e funcionalidade ao seu designer na transformação daquele projeto: seja uma atmosfera intimista, aconchegante, vibrante, clara, escura, além de normativas brasileiras que conduzem nos cálculos técnicos projetivos.

Na imagem acima, vemos o projeto de interiores de uma cafeteria que explora diferentes texturas com a parede de tijolos aparentes, a bancada de cerâmica branca e cadeiras de acrílico amarelo brilhante, além da forte presença de madeira e metal que combinam o estilo industrial com um projeto de iluminação aconchegante e quente | Fote: https://pxhere.com/pt/photo/135400

Já as cores permitem associações de valores e mensagens, além de influenciarem psicologicamente (chamada de psicologia das cores), podendo motivar, inspirar, entristecer, alegrar ou tornar um ambiente perfeito às suas atividades programadas. Pela cor ser uma percepção visual individual, diferentes pessoas, culturas e histórias permitem interpretações únicas do que elas podem representar, por isso um briefing completo com os clientes te permitirão direcionar seu estudo de forma específica para cada projeto, uso do espaço e que ele representa particularmente àquele local e àquela pessoa.

Entre análises gerais, temos desde classificações de cores quentes que transmitem energia e calor (amarelo, vermelho, laranja) e frias que são calmas e tranquilas (azul, verde, violeta), de cores complementares (como azul e laranja, verde e vermelho) ou análogas (como amarelo, verde e azul) ou monocromáticas (uma mesma cor em diferentes tons), mas todas partem da análise do que chamamos de círculo cromático. Uma tendência contemporânea que vemos muito é o uso de cores neutras (branco, preto, cinza, bege) que servem como uma base que permite que outros objetos ou elementos tenham protagonismo.

Os Princípios do Design

Os princípios do design são as regras que são usadas pelos profissionais de modo a guiar a escolha e a organização dos elementos presentes no espaço para criar um projeto coeso e harmonioso com o conceito. Podemos destacar:

  • Equilíbrio: Cria uma sensação de estabilidade e harmonia e é usado em design por exemplo com a SIMETRIA de objetos, sejam desde mesas de cabeceira até quadros em uma parede.
  • Ritmo: Cria um senso de movimento e direciona o olhar, podemos trazer a partir de objetos que se repetem em diferentes proporções em uma estante por exemplo.
  • Ênfase: Destaca um ponto focal, como uma luz direcionada sobre uma mesa de jantar.
  • Proporção: Relaciona o tamanho dos elementos entre si, como diferentes tamanhos de vasos e arranjos em um projeto de paisagismo.
  • Escala: Compara o tamanho dos elementos com o tamanho humano.
  • Harmonia: Cria uma sensação de unidade e coerência, como a escolha de um estilo arquitetônico e as cores usadas, como o clássico e as cores neutras e claras.
  • Contraste: Cria interesse visual e define os elementos, como uma parede de cor forte que pode destacar objetos brancos.

Exemplo de aplicação dos princípios do design de interiores | Fonte: https://pxhere.com/pt/photo/19448

Na imagem acima, conseguimos interpretar os princípios vistos do design de interiores, temos diferentes proporções e formas nos objetos da prateleira superior, o ritmo se dá por vertical-horizontal-vertical; na prateleira central vemos um equilíbrio de elementos, com objetos da mesma escala, mas diferentes materiais e cores, a centralidade e destaque pelo pássaro de madeira. Já na prateleira inferior temos uma certa simetria pela divisão com livros nos cantos e caixas centrais, mas a diferente proporção e contraste pelas cores desses objetos.

A Importância da funcionalidade no design de interiores

Um profissional de design de interiores além de trabalhar com características plásticas para a construção de espaços esteticamente agradáveis aos seus moradores, precisa ter como base fundamental um projeto que seja, acima de tudo, funcional. Ou seja, esse espaço precisa estar de acordo com as necessidades de seus usuários de modo a facilitar as atividades do dia a dia e suas rotinas, além de adequar as normativas técnicas de conforto, segurança e acessibilidade, trazendo igualdade de uso e ergonomia para o layout e distribuição dos móveis e divisões internas, à circulação e aberturas com portas e passagens e a organização do espaço e cômodos de forma geral. Isso influencia diretamente na percepção de eficiência do projeto e na experiência das pessoas junto ao espaço.

Materiais e Acabamentos

A escolha dos materiais e acabamentos é fundamental para definir o correto uso/função daquela superfície pensando em manutenção, durabilidade, segurança, além de contribuir para percepção final do conceito e a atmosfera de um ambiente.

Por isso escolha de materiais e acabamentos são decisões, acima de tudo, racionais e assertivas, consideram o local, a forma de uso, o contato direto com produtos ou elementos (desde água, gordura, alimentos, até produtos químicos, etc), além da segurança, como pisos antiderrapantes em áreas molhadas ou para uso junto à projetos para idosos. A parte econômica e orçamentária do cliente é uma relação de custo-benefício que é sempre ter em mente para a possibilidade de alternativas quanto necessário.

Acima temos exemplos de catálogo na escolha de materiais para um projeto de design de interiores, a exemplo das cores de tintas e acabamentos para bancadas e mobiliário. | Fonte: https://pxhere.com/pt/photo/803037

Em relação perceptiva, os materiais naturais, como madeira, pedra e tecido, conferem um ar mais aconchegante e acolhedor, enquanto os materiais como porcelanatos, mármores, metais podem criar um ambiente mais moderno e sofisticado.

Outro valor contemporâneo que pode ser agregado na escolha de materiais é a sustentabilidade, pensando na missão de marcas e fabricantes, do reuso e ciclo dos resíduos da construção civil e o uso de agentes poluentes como a indústria de fabricação de cimento.

Conclusão

Vimos ao longo dessa jornada que o design de interiores é uma disciplina complexa, cheia de variáveis e parâmetros, mas também fascinante pelas infinitas possibilidades criativas, que envolve a combinação de arte, ciência e conhecimento técnico, além da sensibilidade para as necessidades humanas.

Ao compreender os princípios e os fundamentos do design, é possível a criação de espaços únicos personalizados que expressem as particularidades e desejos de seus moradores, e que inspirem, encantem e promovam a funcionalidade, a segurança e o bem-estar.

E pelo design de interiores estar em constante evolução, esse profissional precisa acompanhar novas tecnologias, materiais e tendências que surgem a cada dia, estando atento às novidades, eventos e cursos da área e adaptar o design aos novos tempos.

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