Entrevista: a designer de embalagens Clara do Prado fala sobre a área no Brasil e lá fora
Formada pela Universidade de Brasília, com passagens pela Bendito Design e Lojas Renner, ela fala sobre a evolução na carreira e compartilha um pouco de sua experiência no mercado.
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Em um passado bem distante, as mercadorias eram acondicionadas e transportadas usando couro e plantas para conservá-las (naquela época, a preocupação com a aparência não era o forte do pessoal).
Conforme foram surgindo novas necessidades, as embalagens precisaram evoluir, portanto novos materiais e processos de manufatura passaram a ser utilizados. Mas outras funções para além do acondicionamento, proteção e transporte foram agregadas às embalagens: as prateleiras dos supermercados lotadas de opções, elas passaram a ser parte essencial do branding, marketing e do apelo de vendas dos produtos.
Assim, mais que proteger e dar informações sobre o produto, a embalagem tem que atrair a atenção do consumidor por meio do design – um “guarda-chuva” que engloba a estética, envolvendo formas, cores, tipografia, a apresentação da marca e do seu valor agregado. Ou seja, é o design da embalagem que dirá, logo de cara, qual é a sua categoria, sua função, suas qualidades, fazendo que o consumidor identifique tudo isso de imediato.
Porém, a devida importância ao design da embalagem é algo recente. Formada em design gráfico e de produto pela Universidade de Brasília, Clara do Prado, conta que nem mesmo uma disciplina dedicada à embalagens havia na grade curricular do seu curso, na década de 2000. “Fiz um workshop quando cursava desenho industrial que o curso viabilizou, mas foi a parte. Para fazer meu projeto de conclusão tive que ir atrás de muitos livros teóricos de design de embalagens que eram muito raros. Acho que tinha um só no Brasil, mais voltado para produção do que para design, no mais, embalagens eram abordadas apenas em capítulos de alguns livros. Ah, fora os livros ilustrados de embalagens bonitas mas que não servem pro TCC. Na minha época, [ela se formou entre 2007 e 2008] as especializações eram voltadas mais para engenharia de produção em embalagens e não design em si. Isso explica porque tantas embalagens são feias, mas o molde do plástico, ó! perfeitinho!”
O mercado brasileiro
Com consumidores mais exigentes e a disputa de vendas, o design e a indústria nacional entenderam nessa última década que precisavam dar atenção maior às embalagens e essa disciplina entrou na grade curricular universitária de instituições públicas e privadas.
Mas no quesito inovação e criatividade, ainda andamos a passos lentos. “O mercado brasileiro é meio careta para embalagens. Tudo fica com a mesma cara. Daí tem um cliente ou outro que deixa o designer ousar mais e bomba de vender. Um exemplo é a marca de iogurte Moo [vencedor em 1° lugar no prêmio internacional Dieline Awards 2020, na categoria de embalagens de lácteos, óleos e condimentos] que ganhou prêmio até. Já tentei muito emplacar abordagens parecidas e nunca rolou”, conta a designer, que já trabalhou em grandes projetos como as embalagens dos biscoitos Kellogg ‘s. Perfumes e kits presente para O Boticário, e do molho premium da Pomarola enquanto esteve no renomado estúdio Bendito Design, de Porto Alegre.
Para Clara, uma das coisas que atrapalham um tanto a inovação estética das embalagens são as normas da legislação brasileira, “que influem no design, e são obrigatoriedades dos dizeres legais, que ditam até na altura mínima da fonte. Todo rótulo que vai para venda (supermercados e afins) tem que passar pela aprovação da ANVISA, pelo menos no que se trata de comida e de cosmético. Tive que aprender fazendo, ainda mais porque essas normas vão sendo mudadas com frenquência e variam de produto pra produto”, diz. “E essas normas, apesar de necessárias, se não forem levadas em consideração desde o início acabam poluindo as embalagens. Lá fora costuma-se ter menos normas e mais liberdade. As embalagens japonesas, russas, holandesas e belgas têm uma liberdade fantástica para sair do convencional”.
ARTOOLS – vencedor em Mercado – Família de produtos do Prêmio ABRE da Embalagem Brasileira 2020
Os lápis grafite recebem a indicação de graduação de forma visual, por exemplo, não apenas numérica. Todos os materiais trazem frases que estabelecem um diálogo próximo com o artista e seu processo, estimulando-o a criar (ex.: solta o traço). O projeto é da Bendito Design.
Quando a marca foi criada, era a única a explorar o branco como colorcode.
Bom humor
Um desses cases internacionais recentes é da agência russa depot, que desenvolveu uma nova identidade de marca para a fábrica de laticínios de bryansk Milgrad. Sabendo que o mercado de lácteos ocupa mais de 22% da estrutura de produtos alimentícios fast-moving consumer goods (FMCG), em inglês, que se refere a produtos de venda rápida a um relativo baixo custo. O projeto visa se destacar na gôndola de laticínios, aumentar as vendas, ampliar geograficamente os canais de representação e distribuição ao mesmo tempo em que apresenta uma resposta bem humorada, simpática e fofa com um gato azul que viaja pela embalagem, criando diferentes narrativas conforme os usuários giram a embalagem.
Atualmente, Clara trabalha em um estúdio de inovação que atende Nestlé, mas já fez Ruffles, Bis, Omo, Colgate e vários produtos de higiene para Kimberly-Clark. O que ela faz? “Participo tangibilizando as ideias em embalagens, tanto no desenho ao vivo, durante workshops de inovação, quanto em estúdio, fazendo o mockup digital do novo produto para participar de pesquisas de consumidor”.
Com tanta experiência nessa área, perguntamos se ela acredita que o Brasil tem chances de diminuir essa “caretice” criativa das embalagens e a resposta é categórica: “Sim! Aliás, já está diminuindo. Com a ascensão das marcas independentes e sustentáveis no mercado, as grandes empresas estão correndo atrás. Fora isso, o Brasil tem indo bem nas premiações internacionais de embalagem, como a iF Design Awards. E os premiados são justamente os mais inovadores, então acredito que essa resistência tende a diminuir, mesmo”.
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Design de Embalagens
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