O mercado de trabalho, no geral, não acolhe bem as profissionais que têm filhos. Apesar da melhora vista nos últimos anos, ainda há um longo caminho a ser percorrido para que as mães tenham acesso a um ambiente de trabalho seguro e respeitoso
Economize R$320 na compra do seu curso. Use o código e comece a aprender!
Domine as técnicas manuais e digitais necessárias para ilustrar suas ideias profissionalmente. Explore diferentes gêneros e encontre o seu estilo sob orientação de grandes ilustradores. Crie o seu portfólio, destaque-se e ganhe mais dinheiro na área.
Maternidade e mercado de trabalho são duas áreas que, muitas vezes, parecem não combinar. E não é por acaso que essa impressão existe, afinal, é comum encontrar casos de profissionais que foram desligadas após retornarem da licença-maternidade, que sofreram discriminação no ambiente de trabalho após se tornarem mães ou que pediram demissão por não conseguirem equilibrar responsabilidades profissionais e pessoais.
Por conta desse cenário, há anos as mães têm se empenhado em uma grande luta para que os seus direitos sejam respeitados e para que as empresas mudem a forma de lidar com profissionais que têm filhos. E essa luta não está sendo em vão. Apesar de lenta, houve, sim, avanços na relação entre o mercado de trabalho e as mães.
Neste artigo, vamos falar sobre os desafios que as mães enfrentam dentro das empresas, quais direitos elas têm e o que as empresas devem e podem fazer para dar assistência a essas profissionais.
Como o mercado de trabalho lida com as mães
Antes mesmo de ter a chance de ser efetivada numa empresa, uma mãe pode sofrer discriminação. De acordo com a pesquisa feita pelo portal Emprego.com.br, que ouviu 273 mães entre 18 e 45 anos, quatro em cada dez mulheres já se sentiram discriminadas em uma seleção ao contarem sobre sua maternidade.
Outra pesquisa, feita pela plataforma Vagas.com, mostrou que mais de 70% das mulheres já foram questionadas, ao longo das etapas de processos de seleção, se eram ou pretendiam ser mães. Em outros momentos, também foram feitas perguntas como “quem cuidará do seu filho se ele ficar doente?”. Essas são perguntas que constrangem e, em algumas empresas, são critérios desclassificatórios. Essas atitudes podem levar as mães a tomarem uma atitude drástica: não revelarem que são mães quando estão à procura de emprego.
E para as mães que já estão no mercado de trabalho, o cenário não é animador. A pesquisa feita com 247 mil mulheres e divulgada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 2017, revelou que, após 24 meses, quase metade das profissionais que tiraram licença-maternidade não está mais no mercado de trabalho, padrão que se repete até 47 meses depois. A maior parte das saídas do mercado de trabalho se dá sem justa causa e por iniciativa do empregador.
Ainda no levantamento feito pelo portal Empregos.com, 94,5% das participantes afirmaram que nunca tiveram a mesma oportunidade de promoção estando grávidas ou após a licença-maternidade.
E não é difícil encontrar pessoas que sejam ou conheçam mães que tenham passado por essas situações. A pedagoga e tutora da EBAC Lia Monteiro é prova disso. Mãe de dois filhos e aposentada de cargo público, ela já sentiu na pele a discriminação por ser mãe e já viu outras mulheres enfrentando situações difíceis.
“As mulheres, especialmente aquelas que são mães, sempre encontraram dificuldades para entrarem ou se reencontrarem no mercado de trabalho. Na minha trajetória, pude conviver com inúmeras mulheres que sofreram rejeição do mercado de trabalho devido ao fato de serem mães. Vi muitas delas enfrentarem discriminações por parte de seus empregadores e colegas, sendo consideradas menos comprometidas com seu trabalho em relação aos filhos e perdendo, assim, a oportunidade de uma vaga de emprego”, conta Lia.
Ver essa realidade não é nada fácil. A maternidade pode trazer, sim, muitas mudanças para as mães. Mas isso não quer dizer que elas vão ser profissionais menos responsáveis ou que entregam menos resultados. Por isso, as mães que estão no mercado de trabalho, as que querem entrar ou se reinserir lutam, há anos, pelos seus direitos e por melhores garantias.
Apesar de preocupante, já houve melhora na relação entre mães e empresas
Apesar do cenário profissional ainda não ser o ideal, já houve avanço. É isso que a especialista em Recursos Humanos (RH) da EBAC, Isabella Sciacca Ramos, que também é mãe, pôde observar ao longo dos 10 anos em que trabalha na área.
“Eu acompanho há um tempo essa luta das mães no mercado de trabalho e, felizmente, vi mudanças ao longo desse período. Ainda é um tabu, ainda é algo muito difícil, mas você nota que as empresas estão mais abertas a essas questões. Antes era falado assim “quem é mãe não é competente o suficiente para trabalhar porque não vai mais focar na empresa, o foco vai ser no filho”. Hoje, não. As pessoas já entendem que o fato da mulher ser mãe não a desqualifica em seu trabalho, muito pelo contrário. Nós, mães, desenvolvemos muitas habilidades (soft skills) que ajudam muito no nosso dia a dia profissional. Então, ao longo do tempo, eu vi um espaço de acolhimento maior”, conta Isabella.
Isabella ainda diz que percebeu uma mudança de comportamento das próprias mães perante o mercado de trabalho. Antes, em uma entrevista de emprego, por exemplo, ao ser questionada se tinha filhos, a profissional poderia ficar em dúvida se seria melhor falar a verdade ou não. Hoje, há um movimento de mães que fazem questão de dizer que têm filhos. “Uma atitude que a gente vê hoje em dia é que as mães estão abraçando esse título e mostrando que, sim, são mães e isso não as desqualifica. No LinkedIn, por exemplo, a gente vê que elas colocam que são head de vendas e mãe da Joana”, explica Isabella.
Então, embora ainda haja empresas que sejam resistentes à contratação de mães, as profissionais que têm filhos estão se reafirmando, não escondem mais quem são e provam que, ao contrário do que possam pensar, ser mãe as ajuda em seu cotidiano. Inclusive, hoje já existem consultorias que têm a missão de mostrar que filhos e carreiras podem coexistir de maneira saudável, como é o caso da Filhos no Currículo, que atende tanto empresas quanto profissionais.
Direitos são garantidos às mães
Com o passar dos anos, as mães também foram conquistando direitos perante a lei. A proteção à maternidade é direito de toda mulher, garantido e regido pela Constituição Federal e pela CLT. Alguns deles são:
- Licença-maternidade de 120 dias, com remuneração em forma de salário-maternidade;
- Estabilidade após o retorno da mulher ao trabalho;
- Apoio à amamentação;
- Auxílio-creche.
A tutora Lia reconhece que houve um avanço em relação a essa questão ao longo dos anos. “O tempo passou e algumas políticas públicas foram modificadas. A legislação passou a priorizar o bem-estar emocional das crianças e das mães profissionais, proporcionando maior interação e flexibilidade sem prejuízo ao trabalho. A licença-maternidade passou a ser um direito que permite o cuidado ao filho recém-nascido e o retorno ao trabalho. Algumas empresas ainda apoiam o aleitamento materno e flexibilizam o horário de trabalho da profissional… Não podemos negar que tivemos muitos avanços. Ser mãe, estudar, trabalhar fora é uma decisão difícil e, muitas vezes, mal compreendida. Mas é um direito que deve ser respeitado”, conclui Lia.
Assistências que as empresas podem oferecer às mães
Não há dúvidas de que houve avanços quando o assunto é mães no mercado de trabalho. Ao mesmo tempo, ainda há um caminho enorme a ser percorrido para que as profissionais que têm filhos tenham seus direitos garantidos e se sintam seguras em seus ambientes de trabalho.
Por isso, é importante que as empresas se mostrem disponíveis e se comprometam a dar às mães uma assistência que contemple todo o ciclo: o período pré-gravidez, a gestação, a licença e o pós. Assim, um ambiente de trabalho diverso, respeitoso e saudável é construído.
“Apesar de tantos desafios, as mães exercem um papel crucial na educação e na economia do país. Para melhorar a situação, é necessária uma abordagem que reconheça esse valor, apoie a igualdade de oportunidades, combata a discriminação e promova a inclusão e a diversidade. O incentivo aos estudos através da tecnologia, por exemplo, tem oportunizado um ganho significativo de benefícios para essas mães, que podem estar próximas aos seus filhos e, mesmo assim, progredir em suas carreiras, seja permanecendo nelas ou fazendo uma mudança profissional que traga benefícios ainda maiores”, opina Lia.
Algumas dessas assistências que podem ser adotadas pelas empresas são:
- Ambiente para amamentação. A ideia é fornecer, dentro da empresa, um ambiente seguro e reservado para que a mãe, que ainda está amamentando, possa retirar o leite e fazer a sua reserva para, posteriormente, oferecer ao filho;
- Horários flexíveis. Com uma jornada de trabalho flexível, a mãe pode adaptar e equilibrar os seus compromissos de uma forma que atenda às suas necessidades, sejam elas profissionais ou pessoais;
- Vale-táxi. Com esse vale, a ideia é que as mães tenham à disposição um vale para ir até o filho quando for necessário – seja para atender uma urgência ou para amamentá-lo, por exemplo.
- Plano de carreira para mães. A insegurança ao voltar da licença-maternidade existe e é importante que as empresas mostrem que têm planos e programas de carreira que façam sentido para a nova realidade das mães.
- Unir as mães da empresa e ouví-las. Ao fazer isso, uma rede de apoio pode ser formada. Além disso, dar voz a essas profissionais é importante para identificar necessidades e adotar medidas que façam sentido para elas.
O Movimento Mulher 360 no e-book “Retenção de mulheres pós-licença maternidade – Como reduzir o turnover de mulheres” apresenta um combo de iniciativas para acolhimento que as empresas podem adotar. Licenças-maternidade e paternidade estendidas; licença-adoção e licença para casais homoafetivos; política de repetição de rating; e metas de acompanhamento são algumas delas.
Pode-se dizer que o futuro é animador
Apesar de termos um cenário ainda desafiador para profissionais que estão no mercado de trabalho e são mães, é possível ver que mudanças foram e continuam sendo feitas ao longo dos anos. Além de direitos garantidos por lei para as mães, as empresas também se mostram, aos poucos, mais abertas e acolhedoras.
Por outro lado, profissionais que têm filhos, cada dia mais, fazem questão de afirmar que são mães. Portanto, espera-se que o mercado de trabalho seja mais receptivo com essa parcela da sociedade e não veja mais a maternidade como um obstáculo e, sim, como um impulsionador.
“Eu acredito que a tendência é que o RH sempre tente trazer melhorias e mudanças. Eu tenho visto cada vez mais mães afirmando que são mães, e eu gosto e apoio esse movimento. Espero que um dia não seja mais necessário que isso seja um tabu nem uma batalha a ser vencida. Mas acredito que esse cenário vá melhorar, sim, e o que eu conseguir fazer, como especialista de RH, eu vou fazer, implantar e dar toda força possível”, conclui Isabella.
Se você se interessa por esse assunto, não deixe de conferir como foi a nossa live “Mãe, você não é todo mundo! Você pode ser tudo” que contou com a presença de Fernanda Venturini (ex-jogadora da Seleção Brasileira de Vôlei); Samira Pereira (coordenadora de set da EBAC); e Marcela Moreira (head de tutores da EBAC). O evento foi apresentado pela produtora de eventos Kelly Valério. No bate-papo, elas conversaram sobre desafios, dificuldades e aprendizados que enfrentaram em suas vidas profissionais ao, também, optarem por serem mães. Clique aqui ou assista ao vídeo abaixo:
Profissão: Ilustrador
Economize R$320 na compra do seu curso. Use o código e comece a aprender!
Domine as técnicas manuais e digitais necessárias para ilustrar suas ideias profissionalmente. Explore diferentes gêneros e encontre o seu estilo sob orientação de grandes ilustradores. Crie o seu portfólio, destaque-se e ganhe mais dinheiro na área.
Receba artigos do blog, acompanhe as últimas notícias da EBAC e fique por dentro das novidades!