Mães e suas carreiras: o olhar de duas profissionais das áreas de tech e animação

Última atualização
02 jun 2023
Tempo de leitura
5 min

Apesar dos avanços dos últimos anos, a maternidade ainda encontra empecilhos na área. Veja dicas para conciliar

A condessa inglesa Ada Lovelace (século XVIII) carrega o título de primeira programadora da história, tendo escrito o primeiro algoritmo de uma máquina. Logo, seria de se imaginar que os caminhos fossem um pouco mais fáceis para outras pessoas do gênero (incluindo as mães) na área de tecnologia, certo?

Infelizmente, a realidade não é bem assim. Nos últimos cinco anos, a participação feminina nas áreas tecnológicas cresceu cerca de 60%, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados mas, apesar disso, ainda existe uma lacuna no volume de oportunidades.
Problemas como diferenças de remuneração – de acordo com pesquisa de 2019 da empresa de recursos humanos Revelo, mulheres no setor de tecnologia recebem salários 23,4% menores que homens – e dificuldades de conciliar o trabalho com a carga (muitas vezes unilateral) de cuidar da família contribuem para um grande índice de desistência.

“Vemos que na maioria das vezes, o trabalho doméstico ainda fica todo sobre os ombros da mãe: muitas mulheres tendo que arcar com a educação do filho, trabalho, estudos, trabalho doméstico… Tudo sozinha, o que se torna uma rotina cansativa, principalmente se a mulher não tiver apoio de amigos e familiares”, diz Danila Ribeiro, que está na área de animação desde 2012 e é mãe de Agnes, que completa 4 anos ainda esse mês.

“Você não vai ficar grávida né? Porque se você engravidar, acabou sua pesquisa”

Danielle Costa, professora da Universidade Federal do Pará, ouviu essas palavras em uma entrevista de pós-doutorado. Com uma extensa formação na área de tecnologia (fez escola técnica em Eletrônica, Bacharel em Ciência da Computação, mestrado em Engenharia Elétrica, doutorado em Genética Molecular com ênfase em Bioinformática e especialização em Programação e Desenvolvimento de Software), ela atuou por 15 anos desenvolvendo sistemas antes de se dedicar à docência. Nesse meio tempo, tornou-se mãe, aos 36 anos, e foi quando viu as dificuldades aparecerem.
“Na minha área, sempre fui rodeada de homens e isso nunca me incomodou, mas foi quando me tornei mãe que as questões de gênero ficaram mais evidentes”, conta.

Foto: Shutterstock

“Eu nunca vi nenhum amigo homem ser questionado sobre o desejo de ser pai. Para mulheres, isso muitas vezes aparece em entrevistas”. Ela conta que sofreu assédio moral desde o momento que decidiu ser mãe e decidiu ressignificar aquelas agressões em potência para um projeto que procura incentivar meninas e mulheres na área de tecnologia, o @manasdigitais.
“Ainda temos que avançar muito nessa questão e isso não depende só de nós mas de políticas públicas que incentivem mães no meio de trabalho. As empresas precisam reconhecer que mulheres que querem ser e são mães têm que ser tratadas com respeito e precisam de apoio para que continuem atuando e exercendo suas habilidades”, diz Danielle.

Crédito: Shutterstock

Cenário promissor

Tanto Danila como Danielle apontam que o caminho a percorrermos ainda é longo, mas grandes empresas como Google, Facebook e Microsoft vem se pronunciando cada vez mais sobre o tema e implementando maneiras de ajudar a diminuir essa disparidade.

No evento Viva Technology de 2018, mulheres de destaque na área como Peggy Johnson (vice presidente de Biz Development da Microsoft), Ann Rosenberg (Global Head da SAP), Shelley Zalis (CEO do The Female Quotient) e Deemah Alyahya (diretora do MISK Innovation) debateram sobre as iniciativas para promover equidade nas carreiras de tecnologia, incluindo medidas que empresas podem tomar para incluírem as mães no mercado, como implementação de creches e licença maternidade respeitada.

Além disso, a consciência de que o trabalho de cuidar do filho é responsabilidade do pai tanto quanto da mãe deve ser cada vez evidente para os homens, para que eles também cobrem essas mudanças. Segundo Danila, ao menos dentro da área de animação, em que ela atua, muitos profissionais pais são igualmente participativos da vida dos filhos. “E isso é muito bacana”, diz ela.

Quer avançar nas carreiras de Tech? Veja dicas de mães na área

A princípio, Danielle dá as mesmas dicas que daria aos homens: “Estude, pratique e desenvolva suas habilidades técnicas e também de comportamento, porque não basta ter muita competência, tem que demonstrar que sabe fazer. Isso é o mais importante”.
Especificamente para as mães, Danila indica, se possível, contar com uma rede de apoio (pai, familiares, amigos de confiança) que possa dividir as tarefas com você.
Além disso, ela sugere envolver seu/sua filho/o no trabalho para desenvolver suas habilidades. “Por exemplo, em animação, dá para gravar referências, criar histórias animadas para seu filho, criar roteiros…” Dessa maneira, você consegue estar sempre evoluindo enquanto está próxima da criança.

Outra dica importante de Danielle envolve a pesquisa sobre a empresa que você quer trabalhar. “Fiquem de olho e procurem lugares que valorizem suas equipes e as mulheres como mão de obra, que tenham respeito às mães e pais”.
Ela acredita que, com a pandemia e o aumento do regime de trabalho em Home Office, as empresas talvez entendam que é possível uma flexibilização e aproximação das mães com seus filhos sem perder a produtividade. “Afinal, ser mãe não diminui a competência de ninguém. Pelo contrário, aumenta ainda mais a força da mulher para conquistar seu espaço”, conclui.

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Equipe EBAC

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