Discussão ambiental. O custo invisível das IAS: cada imagem gerada consome até 3 litros de água

Inovação x Sustentabilidade: o que tá rolando nos bastidores da tecnologia?
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Imagine gerar uma imagem com Inteligência Artificial e, sem saber, gastar mais
água do que você bebeu no dia. Parece exagero?
Pois é exatamente isso que vem acontecendo nos bastidores da tecnologia que usamos todos os dias.
A recente expansão das imagens e vídeos gerados por Inteligência Artificial tem impactado não só o campo da criatividade, mas também em discussões importantes sobre direitos autorais e sustentabilidade.
Um dos momentos que acelerou essa popularização foi a viralização da trend do “estilo Studio Ghibliˮ, que mostrou ao grande público o potencial da IA generativa para criar obras com estética marcante e reconhecível.
Desde então, a produção automatizada de conteúdos visuais tem crescido exponencialmente, levando a um debate urgente sobre os impactos ambientais e éticos dessa revolução tecnológica.
Leia mais: Entenda a polêmica envolvendo IA e o Studio Ghibli
Cada clique tem um custo, e ele vem em litros
De acordo com uma pesquisa conduzida pela Universidade da Califórnia, em parceria com o The Washington Post, um e-mail de 100 palavras gerado por IA consome mais de meio litro de água.
Se um usuário repetir esse processo uma vez por semana, ao longo de um ano, são 27 litros de água – praticamente o equivalente a 10 garrafas grandes.
Gerar uma imagem com estilo Ghibli, por exemplo, consome entre 2 e 3 litros de água. Isso ocorre porque, para funcionar, as ferramentas de IA exigem grandes data centers, que precisam ser resfriados constantemente. E esse resfriamento, além de consumir energia, utiliza enormes quantidades de água.
Sim, servidores precisam “beberˮ – ou melhor, gastar água. E muita gente da área de tecnologia só descobriu isso agora.
Para efeito de comparação, assistir uma hora de streaming em alta definição também consome cerca de 1 litro de água, segundo relatório da Microsoft sobre consumo energético. O que muda no caso da IA é a escala crescente de uso e a tendência de automação massiva.
A cultura do uso inconsciente também tem culpa no cartório
Uma das críticas mais frequentes ao debate nas redes sociais sobre o tema foi que “as big techs não são as únicas culpadasˮ. E isso é verdade.
O impacto ambiental da IA é um problema estrutural, mas também compartilhado. Pequenas e médias empresas, agências, estúdios e até criadores individuais se beneficiam dessas ferramentas e, muitas vezes, reproduzem os mesmos padrões sem refletir sobre os custos que isso pode gerar.
A questão central, portanto, não é apontar dedos, mas perguntar: como podemos exigir mais transparência e responsabilidade, inclusive de nós mesmos?
Em 2024, o estúdio independente Arvore, especializado em VR no Brasil, começou a calcular e publicar o impacto ambiental de cada render feito com IA em seus projetos. Iniciativas como essa ainda são raras, mas mostram que é possível inovar com transparência.
Saiba mais: O custo invisível das IAS: cada imagem gerada consome até 3l de água
A síndrome do “eu só usei uma vezˮ
Outro ponto comum nas críticas é a sensação de que falar sobre o impacto ambiental da IA é culpabilizar o usuário final.
Não é essa a proposta.
Uma imagem isolada não vai secar um reservatório. Mas, quando milhões de pessoas usam a mesma tecnologia, com frequência e sem limites, o impacto se acumula como qualquer ação humana em larga escala.
O objetivo da conversa não é fazer você se sentir mal por usar uma ferramenta, mas sim informar, contextualizar e abrir espaço para escolhas mais conscientes.
IA, arte e a crise ambiental: o que está em jogo?
Estamos em um momento histórico de expansão tecnológica acelerada. Mas também vivemos a maior crise ambiental dos nossos tempos.
Esses dois mundos, tecnologia e meio ambiente, parecem correr em sentidos opostos. Enquanto as ferramentas de IA evoluem diariamente, o planeta está ficando sem tempo.
Se não discutirmos o impacto dessas inovações agora, podemos estar acelerando a criação de um futuro que já nasce insustentável.
Até que ponto estamos dispostos a sacrificar recursos naturais em nome da velocidade criativa? Em um mundo onde “imaginação ilimitadaˮ virou serviço, precisamos nos perguntar: vale tudo para criar? A arte, antes resistência, agora também corre o risco de se tornar resíduo.
A arte entra nesse debate como alerta e possibilidade. Quando artistas protestam contra o uso indevido de seus traços, ou quando filmes como os do Studio Ghibli se tornam referência estética, eles estão nos dizendo algo: criar é também preservar.
Quem já está criando com consciência?
Nem tudo está perdido (nem automatizado). Enquanto empresas e governos caminham devagar, alguns criadores brasileiros já estão mostrando que dá pra inovar sem esquecer do impacto.
Zaika dos Santos, artista multimídia e cientista de dados de Belo Horizonte, abordou a regulação ética da IA em palestra na ENAP durante a semana de inovação destacando que ferramentas precisam seguir diretrizes como o PL 2.338/23, para serem usadas “tanto para o bem quanto para o malˮ (enap.gov.br).
Seu trabalho, que une arte generativa, afrofuturismo e tecnologia, é um exemplo de inovação com intenção crítica e ambiental.
Marcus Nakagawa, professor e autor de 101 dias com ações mais sustentáveis, usa sua trajetória como educador para provocar reflexões críticas sobre consumo digital, ESG e inovação responsável. Para ele, formar profissionais do futuro também é formar cidadãos conscientes.
Quem já está criando com consciência?
A pergunta não tem resposta simples, mas existem caminhos possíveis e coletivos. Veja 4 deles:
1. Incentivar o debate aberto, sem moralismo
Discutir os impactos da IA não deve ser sobre apontar culpados individuais, mas sobre abrir espaço para a consciência coletiva. Críticas agressivas e polarizadas afastam quem poderia mudar de atitude. O caminho é o diálogo acessível, com base em dados e empatia.
2. Cobrar transparência das empresas
Hoje, empresas como OpenAI, Google e Meta divulgam muito pouco sobre o consumo energético e hídrico de seus data centers. A pressão por mais transparência deve vir de todos os lados: governos, organizações ambientais, imprensa e usuários conscientes.
3. Repensar o uso da tecnologia
Nem tudo precisa ser automatizado, gerado, otimizado. Existe beleza e sustentabilidade em processos manuais, lentos e autorais. Criar com as próprias mãos pode ser o caminho mais ecológico em muitos contextos.
4. Educar para o pensamento crítico
Não basta ensinar a usar ferramentas. É fundamental ensinar a pensar sobre elas. Sustentabilidade na tecnologia começa com formação crítica, que analisa o impacto dos próprios atos. Esse tipo de educação forma criadores e profissionais com visão de futuro.
O papel da EBAC nesse cenário
Na EBAC, acreditamos que formar profissionais vai além de ensinar uma ferramenta. É também formar pessoas críticas, conscientes e capazes de pensar o impacto do que constroem.
Queremos que você use IA, sim. Mas com curiosidade, respeito e responsabilidade. Queremos que você crie, inove, compartilhe – sem esquecer de onde vem e para onde vai a energia que sustenta tudo isso.
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