Eu sou designer! Como eu desenvolvo a minha carreira?

Última atualização
17 abr 2023
Tempo de leitura
11 min
Eu sou designer! Como eu desenvolvo a minha carreira?

Confira o que foi falado no evento EBAC Talks que reuniu três profissionais do mercado que trabalham com design e falaram sobre suas trajetórias e das possibilidades da área.

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No mês passado, a EBAC promoveu o evento EBAC Talks que teve como tema “Eu sou designer! E agora?” Com a mediação do designer e professor da EBAC Gui Menga, a palestra reuniu a ilustradora, empreendedora e influencer Nath Araújo, a artista de mural Jhenny Keller e o diretor de criação da agência Ogilvy Rafael Lemos.

No evento, os profissionais contaram um pouco das suas trajetórias até aqui. Transição de carreira, possibilidades que o design possui e conselhos para quem tem vontade de entrar na área foram alguns dos temas abordados.

Aqui, trouxemos alguns pontos que foram falados pelos convidados e que podem servir de inspiração para quem deseja construir uma carreira como designer.

Trajetória profissional de Nath Araújo

  • Formada em publicidade, Nath Araújo hoje trabalha com ilustração e várias outras áreas do mercado publicitário

“Eu falo que sou publicitária porque eu me formei em publicidade. Mas eu mudei de carreira e comecei a trabalhar mais com ilustração. E eu consegui fazer isso graças às possibilidades que a internet nos dá hoje em dia.

Desde quando eu viralizei com alguns desenhos, eu fui fazendo as duas coisas (trabalhar com publicidade e ilustração) ao mesmo tempo. Mas eu aproveitei a oportunidade para criar o meu canal no YouTube, tive loja… várias coisas!

Então, já tem um tempo que eu estou conhecendo e aproveitando várias das possibilidades dentro do desenho, do design, do audiovisual… Hoje eu tenho trabalhado bastante com roteiro também, por isso que eu tenho falado que eu sou publicitária de novo.”

  • Ao viralizar com suas ilustrações, Nath viu a oportunidade de sair do regime CLT e virar freelancer

“Eu gostei de fazer a faculdade de publicidade, trabalhei na área, mas eu sentia que não me encaixava. Eu não me dava bem com o formato de trabalho de uma empresa, com regime CLT, como as coisas funcionam e nem com o que você tinha que fazer para se destacar.

Como fazia parte de mim isso de desenhar e escrever, eu continuei fazendo, por mais que eu tivesse o meu trabalho na empresa. Eu postava de vez em quando um desenho ou outro no Instagram. E aí, chegou um momento que eu tinha uns 50 mil seguidores. Fui crescendo devagar. Mas, do dia para noite, eu viralizei e cheguei a 200 mil seguidores.

Mas eu não via o meu Instagram como trabalho. Eu pegava um freela ou outro de desenho para não pirar e ser feliz. E até aquele momento, eu não tinha planos de freelar até conseguir mudar de carreira.

No final, ficou tudo tão corrido que eu tive que trocar de profissão porque eu não dava conta dos freelas. Eu comecei a prestar atenção no mercado de rede social, mais do que no mercado de ilustração, porque eu sabia que eu não era ilustradora de fato. Eu sabia que levava um tempo para você se tornar ilustrador, ter contatos e entender o que você quer dentro da ilustração.

Então, eu sabia que precisava prestar atenção no mercado de redes sociais, que era o que eu entendia e que era a minha profissão. E nas redes sociais tinham várias possibilidades dentro de ilustração e de design.

Decidi abrir um canal no YouTube para ensinar as pessoas a desenhar. Comecei a receber algumas propostas de trabalho de publicidade de marcas de material de desenho, papelaria… mas chega um hora que passa o hype. Depois abri uma loja, comecei a falar sobre criatividade, de cursos… E aí eu fui falando dos assuntos que eu mais gostava. E eu faço isso até hoje. Eu vou trocando um pouco dentro das coisas que eu gosto e que tem a ver com o mercado que vai mudando toda hora.

Eu não planejei exatamente (a carreira) porque eu acho que as coisas vão mudando muito rápido. E eu acho que se eu fico planejando demais, por muito tempo, eu fico ansiosa com a situação e eu não aproveito para dar o meu melhor no agora.”

  • Acreditar em você mesmo e não parar são os conselhos de Nath para os que querem mudar de profissão

“O meu conselho é: só vai! Eu acho que planejamento é muito importante, mas não só em relação a ter dinheiro guardado. É você entender o quanto você precisa ganhar de dinheiro pelos próximos meses. Dessa forma, você vai se obrigar a acreditar em você mesmo. Você não pode parar.

Se conhecer também é importante justamente para ver o que vale a pena para você. Por um período (enquanto freelancer), eu vivi muito mais na preocupação do que quando eu estava no CLT. Eu tinha uma carga mental muito maior. Mas, ao mesmo tempo, toda hora que eu dava uma desesperada, eu corria atrás.

Você tem que se manter em movimento e acreditar. Vão ter altos e baixos ao longo de toda carreira, não só quando você vai fazer a transição. Perrengue sempre vai ter.”

Trajetória profissional de Jhenny Keller

  • Jhenny é formada e engenharia civil, mas trabalha como muralista há cinco anos

“Eu trabalho com arte mural. Sou muralista há cinco anos, mas sou formada em engenharia civil. Eu não trabalho mais na área, mas sou formada e trabalhei durante um tempo com isso.

Assim que eu me formei, eu comecei a trabalhar com um novo mundo (artístico) que antes era distante. Hoje, eu e o meu marido trabalhamos com isso. Temos pessoas que trabalham conosco, então estamos desbravando esse novo mundo ainda, conhecendo as possibilidades.”

  • A transição de carreira de Jhenny foi drástica, mas hoje ela está realizada com sua profissão

“A minha história é um pouco diferente porque não era que eu odiasse onde eu trabalhava. É que quando eu comecei a trabalhar com arte, o mundo teve mais cor. Não era uma vida horrível a que eu tinha como engenheira, mas perdeu um pouco do brilho.

Eu comecei fazendo lettering, mas nem sabia que tinha esse nome. Eu escrevi nos convites do meu casamento, nas caixas dos padrinhos, e os meus amigos elogiaram. E isso ficou na minha mente. Como eu era freelancer de engenharia, eu fazia projetos em casa e tinha tempo para fazer outras coisas. Se eu estava estressada, ia desenhar. Eu levava como um hobby.

Aí, um dia, eu fiz uma parede na minha casa e postei no meu Instagram. E eu lembro que bombou. Os meus amigos acharam legal e o meu sogro pediu para eu fazer um mural na casa dele na mesma semana. Em um mês, fiz cinco paredes, o que para mim era muita coisa.

Mas eu não sabia desse mundo. Até que depois fui engatinhando. Comecei a fazer algumas encomendas pequenas, levando em paralelo (com trabalho de engenharia). Chegou teve um momento que eu não trabalhava mais como engenheira civil, mas eu tinha vergonha de falar que era artista.

E aí, chegou a época que eu tinha que pagar a anuidade do CREA (uma condição para regular o exercício dos profissionais da engenharia), só que como eu não trabalhava mais, pensei “vale a pena pagar?”. E eu não paguei. Essa foi a virada de chave para eu realmente largar o meu plano A e partir para o plano B que era a arte, e eu nunca fui mais realizada na minha profissão do que eu sou agora.”

  • Jhenny atua em um mercado nichado, mas que também abre possibilidades para trabalhar em outras áreas

“O nicho de muralismo sempre foi o que eu mais gostei de fazer. Mas, durante muito tempo, eu fazia duas atividades: encomendas menores e mural. Até porque mural tem um valor agregado maior e envolve muitas coisas, como deslocamento. Não é tão simples como fazer uma encomenda que pode ser enviada pelos Correios ou fazer uma arte digital. Então, durante muito tempo eu levei duas atividades em paralelo.

Quando conseguimos uma consistência legal de clientes, eu comecei a negar outras coisas. Hoje em dia também trabalhamos com marcas. Não é o foco, mas como trabalhamos com Instagram e temos uma comunidade, também conseguimos vender publicidade que combine com conteúdo que está sendo gerado.

Na questão do mural, hoje é bem nichado. Mas também há possibilidade para fazer outras coisas que se encaixam naquilo que a gente faz. Mês passado, por exemplo, eu pintei 65 malas. Não é mural, mas é super legal de se fazer. Ao mesmo tempo, como as pessoas me conhecem por causa dos murais, o público quer esse conteúdo.”

  • Para quem quer passar por uma transição de carreira, Jhenny aconselha fazer um planejamento financeiro

“O que eu daria de conselho foi o que eu não fiz: um planejamento financeiro, principalmente se você for fazer uma transição drástica. Por exemplo, eu saí da engenharia civil e fui para uma área totalmente nova. Então, as pessoas tinham ainda que me ver como profissional dessa nova área. O que demora um tempo, não é de um dia para o outro. Por isso, fazer esse planejamento é importante para você não ficar pressionado.

Essa não é a realidade de todo mundo, mas, se conseguir, enquanto ainda está no seu emprego que você não gosta, fazer um planejamento financeiro e levar em paralelo as duas atividades seria o ideal. Embora seja uma jornada dupla, as pessoas já estão ali identificando você com aquela nova área que você está fazendo, principalmente quando é design ou ilustração, que é muito mais visual.”

Trajetória profissional de Rafael Lemos

  • Rafael fez faculdade de publicidade e hoje trabalha com conteúdo

“Eu trabalho focado na área de conteúdo para a Nestlé. Sempre estive focado na área de publicidade, mas eu já tive passagens por outras áreas: produção, performance, estúdio e foto, por exemplo.

E esse é um assunto muito legal. Hoje em dia, dentro da área de conteúdo e redes sociais, a gente tem infinitas possibilidades, principalmente para o designer.”

  • Experiências profissionais foram moldando Rafael ao longo de sua carreira

“Eu comecei a trabalhar muito cedo e isso foi me moldando. Eu não tive nenhuma transição de carreira, mas as experiências me ajudaram a me moldar e trabalhar com o que eu trabalho hoje.

Eu comecei a trabalhar no marketing com eventos, depois fui para uma agência de médio porte, fui para uma produtora, trabalhei cinco anos com performance e voltei para agência para trabalhar com conteúdo e redes sociais, em 2016. Desde então, é uma coisa que eu gosto de fazer. Trabalhar com redes sociais e conteúdo te dá um leque de opções e possibilidades surreais, principalmente para quem é designer.

Para quem está no início e não sabe para onde vai nem como começar: redes sociais, trabalhar com conteúdo e como creator, te dá possibilidades. Por isso é tão legal. Pode-se trabalhar com animação, caligrafia, desenho, mural… tudo dentro da mesma área. Isso é a grande magia de ser artista.”

  • Fazer planejamento de vida e construir conexões são os conselhos de Rafael para quem quer entrar na área de design

“São vários pontos, mas acho que tem dois que são importantes. Um de fato é o planejamento, não só financeiro. Planejamento de vida mesmo. Então, estude muito, se especialize naquilo que você quer fazer.

O outro é, se eventualmente você já tem para onde seguir, faça conexões. Fortaleza a sua comunidade, nem que seja na sua cidade, com seus familiares. Isso porque, quando você sair daquele porto seguro, você vai ter vários salva-vidas que vão conseguir te auxiliar ao longo desse momento. Essas conexões, esse senso de pertencimento de comunidade, seja ela qual for, é muito importante para você seguir vivo, seja freelando, seja mudando de carreira de fato.

Planeje-se, estude e crie essas conexões. Apoie-se nos seus colegas de sala, nos do trabalho, nas pessoas ao seu redor… Isso é muito importante. Você não pode parar, mas você precisa de pessoas que te ajudem a não parar. Todas as conexões são importantes e todas elas vão influenciar você de alguma forma. Tudo que você fez até esse momento vai ser importante. Por isso esse planejamento tem que existir.”

Para assistir ao EBAC Talks que teve como tema “Eu sou designer. E agora?” de forma completa, confira o vídeo abaixo:

EBAC Talks I Eu sou designer! E agora?
Página inicial / Design
Bruna Montenegro

O conteúdo

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