Boreout: quando o tédio no trabalho vira alerta vermelho para a sua carreira

Segundo Philippe Rothlin e Peter Werder, autores de Boreout!, 1 em cada 6 profissionais de escritório já está entrando nessa espiral de tédio crônico.

Mas o boreout não está sozinho nessa estatística: uma pesquisa da consultoria global Gallup, citada pela Forbes Brasil, aponta que cerca de sete a cada dez brasileiros estão desengajados no trabalho – um quadro maior, que envolve várias causas, mas onde o boreout aparece como um dos principais motores. Afinal, a falta de tarefas significativas e desafiadoras é um dos maiores gatilhos do desengajamento.

Essa combinação não só derruba sua saúde mental, mas mina a criatividade da
equipe e afeta diretamente os resultados do negócio.

Afinal, o que é Boreout e por que ele tem crescido?

Boreout é a síndrome do tédio crônico no ambiente de trabalho. Diferente do burnout, que surge do excesso de demandas, o boreout nasce da ausência de estímulos, sentido e engajamento.

Muitos profissionais se sentem desmotivados, desconectados e até inúteis, mesmo cumprindo uma rotina aparentemente “tranquilaˮ.

Nos últimos anos, com a automação, terceirização e transformações do mercado, muitas tarefas viraram repetitivas e burocráticas, a receita perfeita para a estagnação e o crescimento silencioso do boreout.

Vivemos numa cultura que valoriza estar ocupado acima de ser produtivo, e essa pressão para “parecer ativoˮ só intensifica a desconexão real com o trabalho.

Burnout x Boreout: o desgaste do excesso e o desgaste do vazio

Conhecer a diferença entre essas síndromes é essencial para buscar o caminho certo para o seu bem-estar.

Burnout: o desgaste do excesso

Imagine um profissional correndo contra o relógio, acumulando tarefas, horas extras e pressão constante. O resultado? Cansaço extremo, ansiedade, insônia e esgotamento físico e mental, sintomas que podem levar a afastamentos e queda de produtividade visível.

Boreout: o desgaste do vazio

Agora pense no colaborador que passa o dia sem tarefas desafiadoras, repetindo atividades sem sentido ou até sem ter o que fazer. A monotonia gera desmotivação, apatia e uma desconexão profunda. Ele está presente fisicamente, mas emocionalmente ausente – um desgaste silencioso, que prejudica o engajamento e o desempenho sem alarde.

Impactos na saúde, na empresa e no mercado

• Burnout: esgotamento extremo, doenças físicas e mentais, afastamentos visíveis e queda de produtividade.
• Boreout: desconexão emocional, sensação de inutilidade, absenteísmo silencioso e baixo engajamento.

Segundo a Gallup, o desengajamento é um problema global que drena bilhões das economias anualmente, e o boreout é uma peça chave nesse quebra cabeça, ainda pouco reconhecida.

8 caminhos conscientes para lidar com o boreout

Superar o tédio profundo no trabalho exige cuidado, tempo e estratégias práticas. Aqui vão algumas que realmente funcionam:

1. Reconhecer o problema

O boreout é real – não é preguiça nem falta de caráter. Registre suas emoções e identifique padrões de desmotivação.

Dica: ler Boreout! Como o tédio no trabalho está destruindo sua motivação (Philippe Rothlin e Peter Werder) ajuda a entender o que está acontecendo.

2. Buscar ajuda especializada

Questões emocionais ligadas ao boreout podem precisar de acompanhamento psicológico, especialmente a terapia cognitivo-comportamental (TCC).

Sugestão: escute podcasts como Mamilos e Jornada da Psicologia para aprofundar sua saúde emocional

3. Dialogar com a empresa

Converse com seu gestor ou RH sobre sua rotina. Muitas vezes, falta desafio, e isso pode ser revertido com projetos novos e oportunidades de crescimento.

4. Investir no autoconhecimento

Conhecer seus interesses, valores e pontos fortes é chave para ressignificar sua carreira.

Ferramentas: MBTI, DISC, coaching profissional.

5. Estabelecer pequenas metas

Tarefas com propósito geram progresso e motivação.

Exemplo: aprender uma ferramenta nova, sugerir melhorias, organizar seu ambiente.

6. Manter uma rede de apoio

O isolamento só piora o boreout. Fortaleça vínculos dentro e fora do trabalho.

Conteúdos: palestras da Brené Brown sobre vulnerabilidade e conexão.

7. Praticar o autocuidado

Sono, alimentação, exercícios e lazer são essenciais.

Apps indicados: Headspace, Calm para meditação.

8. Educar-se e ampliar o repertório

Compreender as causas do boreout e as dinâmicas atuais do trabalho ajuda ase preparar para o futuro.

Boreout: um espelho das mudanças no trabalho
moderno

O boreout não é só um problema individual – é o reflexo das transformações e desafios do mercado de trabalho atual. Reconhecer, acolher e agir com consciência são passos fundamentais para superar o tédio crônico e recuperar a motivação.

Se identificou? Lembre-se: pedir ajuda e cuidar de si mesmo não é fraqueza – é coragem.

Para continuar aprendendo

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