Como a pandemia e o online mudaram o mercado de arte

Última atualização
02 out 2023
Tempo de leitura
5 min
Como a pandemia e o online mudaram o mercado de arte

Acesso fácil ao trabalho de novos artistas e a ingresso de todos os públicos ao universo artístico são as alguns dos aspectos.

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O mercado de arte digital permite acesso fácil ao trabalho de novos artistas e possibilita ingresso de todos os públicos ao universo artístico, deixando-o cada dia menos restrito. Isso é uma vantagem enorme para quem quer consumir mais arte. Mas também para os artistas.

Segundo Vanessa Bortulucce, historiadora da imagem e da arte, o online abre a possibilidade para artistas menores ou de lugares fora do eixo Rio de Janeiro-São Paulo rentabilizarem as próprias obras. E isso se intensificou ainda mais com a pandemia.

“Com o ‘ficar em casa’, muitas pessoas passaram a olhar mais para a decoração do ambiente, então muitos que antes não consumiam arte passaram a valorizar esse meio”, explica Carlos Jiménez Vázquez, professor, gestor cultural e fundador e diretor artístico da Godê Galeria, uma galeria de arte online.

Nova geração de compradores

A plataforma Artsy publicou recentemente o relatório anual sobre a venda de artes no mundo. “Em 2020, início da pandemia, a compra de obras através de plataformas online aumentou tanto (tendência que se manteve também no início deste ano) que eles falam até mesmo de uma nova geração de compradores de arte, chamada Next Gen, que trata-se de consumidores de 18 a 40 anos que não são grandes conhecedores da arte contemporânea, não estão necessariamente no meio, visitando leilões ou galerias, mas que estão comprando cada vez mais por conta do online”, diz Carlos, que conta como a própria criação da Godê Galeria foi recebida na Espanha, país de sua origem:

“Quando eu falei por lá que abriria uma galeria online no Brasil, acharam que eu era louco, que não fazia sentido. Mas meu pensamento na época era considerar os apreciadores de arte do interior do Brasil. Aqui, você só tem acesso a galerias em grandes centros comerciais e, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro, mas, no interior, você vê pessoas que se interessam por obras, mas que não conseguem vir até os centros comprar em galerias. É uma realidade diferente da Europa, em que os países são pequenos e os interioranos conseguem chegar à capital em 1 hora”. Desde então, o número de galerias de arte online cresceu muito não só no Brasil como no mundo.

Nova geração de compradores

O número de galerias de arte online cresceu muito não só no Brasil como no mundo. Fonte: Shutterstock

Como o artista pode crescer no mercado de arte

Como explica Carlos, hoje, qualquer galerista precisa se manter atualizado pesquisando o tempo todo online, principalmente buscando por redes sociais como o Instagram. Então, criar um perfil para suas obras vai possibilitar não apenas que curadores de arte brasileiros te encontrem como do mundo todo. “A ferramenta online é fundamental e te permite uma conexão com galerias de outros países”, diz o galerista.

Mas, apesar de o online ser uma ótima oportunidade de expor seu trabalho, ele é apenas um dos eixos e o presencial ainda é o mais importante se você quer ser levado a sério como artista.

“Tem 3 coisas que um curador olha ao considerar fazer uma exposição sobre um artista: exposições anteriores (se o artista já participou de algumas, mesmo que em ‘lugares furreca’), corpo de produção (se ele tem muitas obras, pelo menos 30 ou 50 dentro de uma ideia contínua), e se tem textos publicados sobre a produção dele. Porque, mesmo se você tiver umas artes legais, sem essas coisas, nenhum agente ou galerista se arriscaria no seu trabalho”, diz DW Ribatski, produtor cultural, curador e fundador do espaço cultural Laje.

Então, como começar?

“Além de publicar suas obras online, é imprescindível frequentar ambientes artísticos, como museus, exposições, leilões… Para conhecer pessoas e fazer contatos. Para tornar sua obra visível, o artista precisa se tornar visível. Ele deve cuidar da sua circulação social, que deve ser feita de forma ética e genuína, respeitosa acima de tudo”, diz Vanessa.

Carlos concorda e indica, sempre que possível visitar exposições, como as do Masp, em São Paulo. “Quanto mais o artista se conectar nessa rede, melhor. Ele tem que mostrar que está realmente disposto e ser muito ativo”, finaliza DW.

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