Conteúdo em áudio: muito além do podcast

Última atualização
02 out 2023
Tempo de leitura
14 min

Possivelmente você é ouvinte fiel de um podcast ou conhece alguém que acompanha algum. E adora. O Brasil já se tornou para o Spotify o maior consumidor em horas de podcast no mundo, e o crescimento de 2021 comparado com 2020 foi de 330% em consumo. Mas se pararmos para pensar, o conteúdo em áudio […]

Produção de Conteúdo em Áudio

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Possivelmente você é ouvinte fiel de um podcast ou conhece alguém que acompanha algum. E adora. O Brasil já se tornou para o Spotify o maior consumidor em horas de podcast no mundo, e o crescimento de 2021 comparado com 2020 foi de 330% em consumo.

Mas se pararmos para pensar, o conteúdo em áudio não é algo novo. Tudo nasceu na oralidade: essa foi a primeira forma que a humanidade encontrou para transmitir conhecimento.

Os povos antigos têm nos anciões – e em suas memórias – os guardiões de sua cultura, repassando aos mais jovens os ritos e tradições por meio da contação de histórias. Outro exemplo é o teatro. Ainda que tenha a encenação como recurso, é baseado na contação de história pela voz.

O áudio é um meio de transmissão de informação e entretenimento

Pulando da criação do teatro para o rádio, tal tecnologia foi disruptiva. A transmissão da voz por ondas sonoras vai além da presença física e chega para muitas pessoas ao mesmo tempo.

O rádio é responsável pela disseminação do áudio como um formato de informação e entretenimento. As radionovelas brasileiras estrelaram a chamada época de Ouro do rádio. O formato se tornou popular no país nos anos 1940, mas em 1951, quando “O Direito de Nascer” foi ao ar pela rádio Nacional, o Brasil viveu um fenômeno. A obra hipnotizou o público e durou quase três anos. O sucesso levou a TV Tupi a transformar a história em novela — duas vezes, em 1964 e 1978.

Anos depois, as fitas K7 e os CDs correram para que os aplicativos de áudio e streamings andassem.

A verdade é que o conteúdo se transforma. Por exemplo, “O guia do mochileiro das galáxias” foi desenvolvido primeiramente para áudio e depois virou livro. E só depois virou um filme. Os conteúdos podem se desdobrar em diversos outros produtos.

Fonte: Unsplash

Formatos: o áudio entra na rotina quando a cabeça está livre e as mãos ocupadas

Houve um boom no consumo de conteúdo em áudio recentemente. Uma pesquisa realizada pela Globo, em parceria com o Ibope, aponta que 57% da população brasileira começou a ouvir programas de áudio em 2020.

Um dos motivos é a facilidade do áudio ser incluído na rotina, com os diversos aplicativos de streaming. De acordo com os resultados dessa pesquisa, cerca de 44% dos entrevistados escutam programas enquanto lidam com tarefas domésticas, enquanto 38% o fazem navegando pela internet, 25% antes de dormir e 24% estudando ou trabalhando. Ou seja, quando o corpo está ocupado, mas a atenção e a mente estão livres. Mas também o estresse causado pelas reuniões por vídeo chamada e chats online durante a pandemia fez com que a versatilidade do áudio revivesse no hall de entretenimento das pessoas.

O universo do conteúdo em áudio é vasto, com formatos como:

Audiobook

André Palme, professor do curso de Conteúdo em Áudio da EBAC e Country Manager da Storytel no Brasil (aplicativo sueco de assinatura de streaming de audiobook e e-books), explica no curso que o formato de um livro narrado surgiu comercialmente nos EUA na década de 1970 em mídias como o K7 e o CD. Diferentemente de uma radionovela, que tem várias vozes, efeitos sonoros e trilhas musicais, o audiobook surgiu como uma versão narrada de um livro. Tem apenas um narrador (logo, uma única voz), um único conteúdo e, na maioria das vezes, poucos efeitos sonoros. Seja ficção ou não.

Audiodrama/audio séries

O público vai atrás de bons enredos. Tal como a radionovela, mas não apenas ficção. Não à toa, lançado em 2020, “Praia dos Ossos”, da Rádio Novelo, já teve mais de dois milhões de downloads. A trama relata o assassinato de Ângela Diniz por seu namorado, caso que abalou o Brasil em 1976, e a cobertura parcial da mídia.

Outro exemplo é o áudio drama ficcional escrito pelo chileno Julio Rojas, que explora várias temáticas de ficção científica. Quem dá voz aos personagens são os atores Mel Lisboa e Seu Jorge. A série já tem segunda temporada, ganhou uma adaptação na Índia e terá versão em inglês.

Podcast

É um conteúdo em áudio gravado, que fica disponível para que o ouvinte escute quando quiser. A distribuição desse conteúdo fica sob tutela de plataformas de áudio digital, como Spotify, Deezer e Soundcloud. O podcast pode ser do tipo informativo ou de entretenimento. O formato mais comum é o de entrevista, com um convidado e um apresentador, mas também pode ser um debate entre mais pessoas. Comandado por Mano Brown, o podcast Mano a Mano, original do Spotify, estreou em setembro de 2021. Desde sua estreia até o encerramento da primeira temporada, em dezembro, assumiu o primeiro lugar entre os mais ouvidos da plataforma de streaming.

As pessoas (e profissões) envolvidas na produção de conteúdo áudio

Cada etapa do produto (que é o conteúdo em áudio) precisa de pessoas especializadas para que o resultado final tenha qualidade.

Dentro do universo do áudio cabem cada vez mais profissões. No curso da EBAC, Palme divide a indústria de produção de conteúdo em áudio em quatro áreas: criação, produção, comercialização e divulgação. Vamos falar um pouco a partir delas.

Criação

Aqui estamos falando de criar ou adaptar histórias em áudio, de todo processo de construção do conteúdo. As principais carreiras são exploradas por André Palme no curso da EBAC. Destacamos as seguintes:

  • Autor

Você pode ser o autor de um novo produto de áudio. Pode criar histórias ficcionais ou não.

  • Criador de conteúdos para áudio

Isso pode acontecer de diferentes maneiras. Considerando que o processo se divide em criação e adaptação, a mesma pessoa tem a ideia e cria a primeira narrativa. Se esta pessoa quer e tem os recursos, é possível, de forma independente. Este é o caminho mais árduo, que requer mais investimento. “O que acontece na maioria dos casos é o criador ter uma ideia e apresentar isso para uma produtora/editora/plataforma. A partir daí, esse projeto começa a ser criado em várias mãos, envolvendo a edição e lapidação desse conteúdo, o formato ideal, o plano de lançamento e as campanhas de marketing, etc.”, explica André Palme.

Há também a criação de um conteúdo em áudio a partir da adaptação de um produto que foi originalmente publicado ou lançado em outro formato (vídeo, texto, livro físico). O professor explica que, normalmente, o conteúdo original não é alterado e uma versão narrada é produzida. “Mas existem casos onde o criador desse conteúdo, ou quem detém os direitos comerciais da obra, sugere e aceita alterações que vão tornar a experiência de ouvir aquele conteúdo melhor ajustada ao áudio.”

  • Edição de conteúdo

É quem vai mexer no texto, no conteúdo, que depois será narrado e gravado por uma ou mais vozes.

Existem profissionais que vêm de outras indústrias para o áudio, mas você também pode começar, por exemplo, editando o roteiro do seu podcast. Se você criar conteúdo e for trabalhar com um agente/editora/plataforma, vai ter uma ótima oportunidade de aprender com profissionais experientes como isso é feito.

  • Roteirista

O roteirista escreve um guia de como será a estrutura, quais assuntos serão abordados e em que ordem vão aparecer na história. O roteiro guia os locutores, definindo o assunto e a ordem que será tratado dentro do programa.

Palme frisa que é preciso consumir áudio para escrever áudio.

Se a ideia é criar um podcast baseado no bate-papo entre apresentadores conversando sobre um assunto, os chamados mesacasts, o conselho de Palme é simples: consuma esses programas. “Você vai entender que mesmo parecendo um papo descontraído, existe um roteiro, com temas, blocos, tempo determinado.”

André complementa dizendo que, além disso, existe um arco de temporada. Ou seja, em uma temporada de 10 episódios, qual o eixo central disso? Qual o assunto específico a ser debatido por vários convidados especialistas.

Um roteirista de conteúdo em áudio precisa construir um texto que, diferentemente do roteiro de um produto visual, não tem apoios visuais como cenário, fotografia, figurino, etc.

É somente a voz. E ela precisa criar toda essa cena. É também diferente de um texto, onde você tem o recurso visual da escrita para apontar quando um personagem ou mesmo o narrador estão falando e se expressando. Essas questões precisam ser levadas em conta, para não tornar a experiência de consumo daquele conteúdo confusa para o ouvinte.

Produção

Essa é a área mais técnica e envolve a narração e toda pré-produção, produção e pós-produção. Palme fala que nessa área é possível atuar como editor de som, narrador, revisor de áudio, compositor e mixer de trilhas sonoras, masterizador, técnico de som, engenheiro de estúdio. Mas também poderá ser um empreendedor, que vai montar uma produtora de áudio ou um estúdio para prestar junto com uma equipe todas estas atividades.

  • Narrador

O narrador é uma pessoa que trabalha majoritariamente tendo sua própria voz como sua ferramenta de trabalho. No áudio é muito comum termos narradores que também atuam como atores (de teatro, televisão), dubladores de filmes e games e também locutores de rádio e de publicidade.

“Acho que a maior habilidade é disciplina. E entender que ela é uma ferramenta de trabalho. Estudar técnicas vocais e entender que tipo de voz você tem, que tipo de conteúdo dá match com seu timbre de voz, sua projeção vocal”, explica o professor.

A jornalista Hebah Fisher é a cofundadora do Kerning Cultures, um podcast do Oriente Médio e sua diáspora para a região e o mundo. Ela mora nos Estados Unidos, e seus entrevistados estão em outros estados, no Reino Unido e no Oriente Médio. Então, gravar um bate-papo com eles em um estúdio é impossível.

No entanto, ela acha que se grava sozinha, ela fala com uma voz suave demais. Para evitar isso, ela grava sua narração enquanto está no Skype com outro colaborador. Ela silencia o colaborador e depois liga o som de volta para pedir feedback.

Nesse caso, a criadora do podcast é quem narra, faz o roteiro e entrevista os convidados, mas nem sempre é assim. O narrador pode ser uma pessoa contratada, um membro da equipe.

Para se tornar um narrador é essencial que você consuma conteúdo em áudio. Sem isso, você não vai saber o que é interessante ou não, o que funciona ou não. Leia trechos de um conteúdo em voz alta, treine e teste. “E aí então entre em contato com produtoras, estúdios e plataformas para enviar testes de voz. Uma pesquisa rápida no Google vai te permitir ter a maioria dos contatos destas empresas”, diz Palme.

  • Editor de áudio

Palme explica que é a edição do áudio gravado, um trabalho extremamente cuidadoso para corrigir problemas na captação do som, em erros de texto durante a narração e mesmo na inclusão de efeitos sonoros e trilha (caso o conteúdo tenha isso). Aqui é necessário conhecimento técnico de softwares de edição, como o Pro Tools, por exemplo. Para isso existem muitas opções: desde vídeos gratuitos na internet, que abordam o assunto de maneira introdutória, até graduações de engenharia de som. Andre reitera que, como todas as outras áreas, muito da sua experiência vai vir também da prática. Então assim que adquirir algum conhecimento nas ferramentas técnicas, comece a praticar!

Fonte: Unsplash

Comercialização

Palme explica que é possível atuar em uma editora ou produtora, negociando conteúdos para adquirir. Pode se tornar um agente de conteúdos que vai representar comercialmente criadores, autores e roteiristas. Quem representa comercialmente alguém e seu conteúdo faz a ponte entre quem criou e quem vai disponibilizar o conteúdo para o público. Representar comercialmente alguém e seu conteúdo significa negociar com editoras, plataformas, produtoras os direitos patrimoniais daquela obra. Ou seja, os direitos que são possíveis de ser comercialmente negociados: licenciar o conteúdo para áudio, vender o conteúdo para uma série de TV, cinema, etc.

Em alguns casos, envolve também acompanhar e monitorar as campanhas de marketing criadas para aquele conteúdo e muitas vezes lapidar o conteúdo antes que ele seja ofertado no mercado. Esse é um trabalho de edição/mentoria que vai ajudar o criador do conteúdo a preparar melhor aquela obra para ser apresentada a potenciais compradores.

Outro campo, debaixo do “guarda-chuva” da Comercialização, é atuar em uma plataforma de áudio adquirindo direitos autorais. E mesmo advogados atuam nessa indústria como especialistas em direitos autorais e de propriedade intelectual.

Direitos Autorais e Propriedade Intelectual são regidos por leis. É o conhecimento sobre eles que vai garantir que quem criou o conteúdo e/ou quem representa comercialmente esta obra faça uma boa negociação e atinja os objetivos que foram traçados no planejamento de comercialização do conteúdo. Sem isso, ambos os lados – criador e plataforma -, podem ser prejudicados.

Não necessariamente você precisa de um advogado em qualquer negociação, mas é sempre aconselhado que um contrato seja revisado por quem entende da legislação, que dificilmente não vai ser um advogado.

Divulgação

Essa parte diz respeito a todo universo de marketing e comunicação. É possível atuar em uma plataforma de streaming, em uma produtora ou editora, nas várias áreas do marketing, como: redes sociais, marketing de performance, marketing digital, desenvolvimento de campanhas e anúncios. E também na área de comunicação, como jornalista, assessor de imprensa e relações públicas. Como se trata da divulgação de um produto e serviço, então quase todas as atuações de marketing e comunicação cabem aqui.

O marketing hoje é feito de várias maneiras: por freelancers, agências e times internos das próprias plataformas. Andre explica que atualmente é difícil uma estratégia de comunicação não contemple em algum momento estas 3 categorias de profissionais. Na maior parte dos casos, o time das plataformas cuida das questões estratégicas e de marca, muitas vezes junto com agências que podem também cuidar de questões mais táticas como operar as redes sociais, intermediar parcerias com influenciadores, etc. Os freelancers podem tanto entrar nestas etapas, desenvolvendo um trabalho específico como serem parceiros perenes das plataformas e apps.

Como dar os primeiros passos nessa indústria

“O primeiro passo para trabalhar nessa indústria é consumir áudio. Ouça, ouça, ouça…só isso vai te trazer referências e repertório. Não só consuma áudio, mas consuma cultura: livros, filmes, séries, músicas…isso vai te dar bagagem”, afirma Palme.

A partir daí, comece a pesquisar qual área mais desperta seu interesse nesse universo e se capacite, fazendo cursos, como o da EBAC de Produção de Conteúdo em Áudio, e comece a fazer contatos com empresas do setor. “Seja cara de pau mesmo, se candidate, mande e-mails, mensagens, se conecte com as pessoas e marcas nas redes sociais. Assim você vai conseguir as primeiras oportunidades e começar a trilhar sua carreira no áudio!”, finaliza o professor.

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Andre Palme

O conteúdo

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