O que é Agile, ou metodologia ágil?

Última atualização
03 out 2023
Tempo de leitura
11 min

Entenda um pouco mais sobre esse modelo de gestão de projetos que ajudou o mercado de desenvolvimento de software a ser mais produtivo e hoje já está presente em empresas do mundo inteiro.

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O Agile, ou metodologia ágil, começou na área de tecnologia, mais especificamente em desenvolvimento de softwares, mas hoje em dia já é aplicado de forma um pouco mais abrangente.

O propósito desta metodologia é diminuir processos burocráticos e, consequentemente, agilizar a conclusão de tarefas e etapas no desenvolvimento de um produto ou serviço.

Apesar de possuir um nome que parece autoexplicativo, há muito mais detalhes para compreender o Agile. Por isso, nesse artigo vamos explicar o que é essa metodologia e como ela pode funcionar em diferentes empresas.

O que é Metodologia Ágil?

Podemos dizer que metodologia ágil, ou Agile, é uma forma de se organizar e gerir projetos com o objetivo de obter resultados de forma mais eficiente, aumentando a produtividade dos processos sem perder a qualidade do produto final. Essa metodologia é aplicada na construção dos processos que fazem parte do desenvolvimento de um produto ou serviço, desde sua ideia inicial até sua entrega final.

Antes, a gestão dos projetos de desenvolvimento de softwares costumava se basear no modelo cascata. Nesse modelo, as etapas do projeto devem acontecer de forma sequencial, ou seja, uma etapa precisa ser finalizada para que a próxima etapa do projeto se inicie.

Para muitos projetos, esse modelo de gestão deixou de ser eficiente, então o Agile surgiu como uma resposta a esses processos burocráticos, apresentando modelos mais flexíveis e adeptos a mudanças.

É importante ressaltar que o resultado buscado pelas metodologias ágeis não são apenas rapidez e maior produtividade, mas sim finalizar um projeto com sucesso e qualidade em menos tempo, com menos atritos e burocracias. É um tipo de minimalismo processual.

Diferente de outros modelos, as metodologias ágeis visam ter entregas contínuas e flexibilidade frente às necessidades de mudanças. Por exemplo, no Scrum, que detalharemos mais adiante, as tarefas são divididas em entregas menores e distribuídas entre os participantes do projeto. Ao fim de cada período (Sprint) é possível observar um avanço no projeto e analisar o que precisa ser melhorado para alcançar o objetivo esperado ao entregar o produto final.

Dessa forma, ao se descobrir um problema no meio do caminho, não é necessário aguardar o fim do projeto para analisar e buscar soluções, mas sim agir rapidamente e evitar que este seja um problema que comprometa todas as outras entregas.

Manifesto Ágil

O Manifesto Ágil foi a primeira apresentação da metodologia ágil como conhecemos hoje.

No início de 2001, um grupo de desenvolvedores se reuniram em Utah (EUA) para compartilhar suas experiências e discutir como poderiam criar um modelo de desenvolvimento menos “engessado” e mais eficaz.

Foi então que surgiu o documento Manifesto para Desenvolvimento Ágil de Software,

formado por 4 valores fundamentais e 12 princípios que servem como base para a criação de processos flexíveis e ágeis.

Os 4 valores fundamentais

O grupo de desenvolvedores estabeleceu os seguintes valores a serem levados em consideração durante o trabalho:

  • Indivíduos e interações acima de processos e ferramentas;
  • Software em funcionamento acima de documentação abrangente;
  • Colaboração com o cliente acima de negociação de contratos;
  • Responder a mudanças acima de seguir um plano.

Ou seja, dentro do processo de desenvolvimento de um produto ou serviço, os itens à esquerda devem ser prioridades e possuem mais valor do que os itens mencionados à direita.

Esses valores têm como objetivo manter o fluxo de produção saudável e contínuo, visando alcançar a entrega de um produto final que realmente atenda às necessidades e expectativas do projeto.

Os 12 princípios do Manifesto Ágil

Neste manifesto, os desenvolvedores também criaram 12 princípios para um desenvolvimento ágil:

  • Geração de valor: priorize a satisfação do cliente (ou consumidor) através da entrega contínua e adiantada de software com valor agregado.
  • Flexibilidade: compreenda a necessidade de mudanças em qualquer etapa ou momento do processo de desenvolvimento. Inclusive, mudanças são muito úteis para que os processos ágeis mantenham uma vantagem competitiva para o cliente.
  • Frequência: efetue entregas frequentes ao longo do desenvolvimento do produto ou serviço, no menor intervalo de tempo possível.
  • União: a colaboração entre todos os envolvidos no projeto deve ser diária.
  • Motivação: forneça todas as ferramentas e suporte necessários para a realização do trabalho e mantenha todos os indivíduos motivados através da confiança em seu trabalho.
  • Comunicação: a forma mais eficiente de transmitir informações para a equipe de desenvolvimento do projeto é através de uma comunicação frente a frente.
  • Funcionalidade: software funcionando é a medida primária de progresso.
  • Sustentabilidade: os processos ágeis promovem desenvolvimento sustentável. As partes interessadas (patrocinadores, desenvolvedores e usuários) devem ser capazes de manter um ritmo constante, de modo indefinido, e cíclico.
  • Revisão: manter uma atenção contínua a excelência técnica e do design aumenta a agilidade.
  • Simplicidade: a arte de maximizar a quantidade de trabalho não realizado é essencial. Mantenha o foco no que realmente importa e elimine o trabalho em excesso.
  • Organização: as melhores arquiteturas, requisitos e designs emergem de equipes auto-organizáveis.
  • Autoavaliação: a equipe deve refletir regularmente sobre formas de se tornar mais eficaz, refinando e ajustando seus processos.

A união dos 4 valores e os 12 princípios definidos pelo grupo proporcionou uma mudança na visão frente a gestão de projetos, dando origem a diferentes modelos de gestão centrados no sucesso e satisfação do usuário ou cliente final.

Porque as empresas devem utilizar metodologias ágeis?

Empresas de diferentes áreas, tamanhos e que desenvolvem diferentes produtos e serviços têm adotado metodologias ágeis em seus processos.

De acordo com o 15th Annual State Of Agile Report, os 4 principais motivos para empresas adotarem metodologias ágeis são:

  • Melhorar a capacidade de gerenciar prioridades em mudança;
  • Acelerar a entrega de softwares;
  • Aumentar a produtividade da equipe;
  • Melhorar o alinhamento entre negócios e TI.

As consequências do uso de metodologias ágeis, como ter equipes mais produtivas e com maior volume de entregas, pode gerar mais satisfação dos envolvidos e interessados. Por exemplo, ao melhorar a capacidade de gerenciar prioridades e o alinhamento entre os objetivos de negócio e a equipe de TI, os profissionais atuando no desenvolvimento não trabalharão em tarefas desnecessárias e, inclusive, podem diminuir suas demandas fazendo o que realmente importa.

O mesmo relatório também aponta a percepção de sucessos que as empresas notaram após adotarem metodologias ágeis:

  • Satisfação do usuário/clientes;
  • Valor de marca;
  • Conquista dos objetivos da empresa;
  • Entregas no prazo;
  • Qualidade;
  • Produtividade.

É possível observar que, apesar de haver um alinhamento entre a expectativa das empresas sobre o Agile e os resultados apresentados, há também outros benefícios percebidos. Isso deixa claro como o uso de metodologias ágeis é favorável não apenas para aumento na produtividade, mas também para qualidade do produto e satisfação do usuário.

3 metodologias ágeis populares para você conhecer

Scrum

Talvez este seja um dos nomes mais conhecidos, mesmo por quem não sabe muito bem o que ele é. Nessa metodologia é importante que estejam claros e bem definidos o papel e as funções de cada um dos envolvidos no projeto.

O processo de gestão do Scrum é de propriedade de um Scrum Master, responsável por analisar o andamento do projeto com o olhar do usuário final ou cliente. O Scrum Master deve se reunir com a equipe para decidir o que deve estar presente no produto, colocando em ordem de prioridade o que deve ser feito em uma lista que chamamos de backlog.

Definido o backlog, o time divide as tarefas entre os responsáveis e dão início aos Sprints, como é chamado o período de trabalho que tem duração de até quatro semanas. O termo em português significa algo como “arrancada” ou “corrida em velocidade”, o que se reflete no Scrum em um avanço na execução do projeto em curto período de tempo.

Ao final de cada Sprint o time reúne-se novamente para revisar o que foi feito, se tudo que foi proposto foi realmente concluído e se há necessidade de refações ou adaptações no projeto. Então, tem início um novo Sprint e assim sucessivamente até que tudo o que está no backlog esteja concluído e o projeto pronto para sua entrega final.

O Scrum é um modelo de gestão bastante comum no desenvolvimento de softwares, em equipes com divisão de funções bem estabelecidas, pouca modificação e comandada por alguém que conhece bem o trabalho de cada um dos seus indivíduos.

Essa metodologia é utilizada por empresas como Google, Microsoft, LocaWeb e Globo.

Processo Scrum

Lean

Em tradução livre podemos dizer que Lean significa “magro” ou “esguio”. Como metodologia ágil ele traz justamente esse conceito, de ser um processo mais “enxuto”, propondo a identificação e eliminação de desperdícios durante o desenvolvimento de um projeto ou, até mesmo, dentro de uma empresa toda.

Com essa proposta, busca-se utilizar apenas os recursos fundamentais e necessários para a execução do trabalho, o que pode diminuir a complexidade de tarefas, aumentar a produtividade da equipe e melhorar a qualidade das entregas. Por exemplo, ao armazenar os insumos de produção de uma fábrica próximo de onde eles serão utilizados, diminui-se o desperdício de tempo e necessidade de transporte.

Essa metodologia surgiu com o empreendedor Eric Ries em seu movimento Lean StartUp. Além de propor a diminuição de desperdícios, ele também ressalta a importância de trabalhar com MVP – Minimum Viable Product (Produto Mínimo Viável), produzindo uma versão mais simples e funcional do produto para validar o projeto e analisar pontos de melhoria antes de produzir uma versão final mais complexa.

Para exemplificar o MVP, imagine um novo aplicativo de delivery de refeições. Nessa etapa da construção, o app já pode ser acessado e ter suas funções e ações básicas visualizadas. Porém, esse produto ainda será aperfeiçoado de acordo com a real necessidade apresentada pelo usuário, podendo também receber ajustes em falhas que ainda não haviam sido percebidas.

Tendo em vista a sua origem, o método Lean costuma ser bastante eficiente na gestão de startups, onde é necessário alto desempenho com times e quantidade de ferramentas mais enxutas.

A primeira empresa a utilizar esse método foi a Toyota, mas ele também é utilizado por empresas como John Deere, Nike e Intel.

Lean

Kanban

O método Kanban também tem ganhado bastante espaço nas empresas por ser um modelo de gestão simples de implementar e seguir, que pode ser adaptado para praticamente qualquer tipo de empresa.

Este sistema de controle funciona basicamente como um checklist. Para executar esse método, a gestão do projeto deve criar um quadro (físico ou digital) dividido em três colunas:

  • To do: onde serão incluídas todas as tarefas que precisam ser executadas.
  • Doing: onde serão incluídas todas as tarefas que estão em execução.
  • Done: onde serão incluídas todas as tarefas concluídas.

Dessa forma é possível ter uma visão macro do andamento do projeto de maneira simples, podendo visualizar tarefas que são co-dependentes e quando elas podem ser executadas, ou quando uma etapa foi concluída e uma próxima deva começar.

Alguns projetos podem demandar uma ou outra coluna a mais, como uma etapa de testes ou análises, mas a ideia lista de tarefas permanece a mesa.

Essa metodologia é utilizada por empresas como McDonald’s, Ogilvy e Telefone Vivo.

Há também outros modelos de metodologias presentes no mercado que você pode querer conhecer, como o SMART, DSDM, FDD, entre outros. Ao optar por utilizar alguma dessas metodologias, o mais importante é que ela faça sentido para sua empresa, equipe e produto, priorizando a melhora na qualidade das entregas e produtividade.

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Michele Lopes

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