A rotina engole tudo: como a cultura da indiferença domina nosso cotidiano e o que fazer para recuperar a empatia

Última atualização
25 jul 2025
Tempo de leitura
7 min

Você já percebeu que a dor do outro parece não nos atingir mais?

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Imagine esta cena: você está atrasado para o trabalho. No caminho, um acidente grave bloqueia o trânsito. Pessoas feridas, gritos, caos. Mas o relógio não para. O chefe espera. O e-mail chegou. O dia já começou errado. E no meio de tudo isso, aquela sensação estranha: “não tenho tempo para sentir
isso agoraˮ.

Essa cena se repete diariamente para muitas pessoas, e revela um fenômeno social complexo que afeta nossa relação com o mundo e com a sociedade: a cultura da indiferença.

Será que nos tornamos pessoas frias? Ou estamos sobrevivendo a um sistema que não para, que exige produtividade acima de tudo e que, sem perceber, anestesia nossa empatia?

O que é a cultura da indiferença e como ela surgiu?

O termo ganhou força com o discurso do Papa Francisco, que alertou para a “cultura do descarteˮ e da indiferença diante do sofrimento humano. Em resumo, trata-se de um sistema social e emocional que:

  • Minimiza o sofrimento do outro;
  • Valoriza apenas o que nos afeta diretamente;
  • Naturaliza desigualdade, violência e tragédias;
  • Converte o ser humano em um agente passivo diante dos problemas globais.

Mas essa realidade não surgiu do nada. Ela é resultado de uma combinação de fatores que vêm se acentuando nas últimas décadas.

Raízes históricas e contexto contemporâneo

  • Era industrial e o modelo de trabalho: A rotina da linha de produção ensinou o mundo a funcionar na repetição, na eficiência e no “piloto automáticoˮ. A individualização e a divisão rígida de tarefas fizeram o humano ficar em segundo plano.
  • A aceleração do mundo moderno: Com a revolução digital, o fluxo de informação tornou-se incessante, 24h por dia, todos os dias. Segundo uma pesquisa realizada pela CNN Brasil estamos expostos a uma avalanche diária de notícias que muitas vezes supera nossa capacidade emocional e
    cognitiva. Isso gera sobrecarga, que o cérebro tenta administrar com a dessensibilização para não adoecer.
  • Conflitos globais e crises humanitárias: Guerras, crises políticas, desigualdade extrema e violência familiar se tornaram rotina em nossas telas. Em muitos lugares, pessoas chegam a matar familiares ou estranhos acreditando ter “direitoˮ sobre a vida alheia, reflexo de um mundo em colapso emocional.
  • Lógica neoliberal e culto à produtividade: Somos ensinados a focar no “problema meuˮ e priorizar resultados. Emoção se torna luxo, pausa é vista como fraqueza, e o outro vira uma estatística que não pode nos atrasar.

Essa combinação criou uma armadilha psicológica e social onde a empatia se desgasta e a indiferença vira escudo para seguir funcionando.

A rotina acelerada e o piloto automático emocional

Hoje, a maioria vive o que o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han chama de “sociedade do cansaçoˮ. Excesso de estímulos, cobranças e demandas nos fazem agir no modo automático, silenciando tudo o que não é urgente. Você já sentiu:

  • Que não pode parar para sentir a dor do outro?
  • Que olhar para o sofrimento é um peso que não cabe no seu dia?
  • Que a urgência de entregar no trabalho “engoleˮ tudo?

Esse mecanismo é uma defesa necessária para não sentir tudo em um mundo caótico e emocionalmente insustentável. Mas, ao mesmo tempo, é um risco grave à saúde mental coletiva.

A normalização do absurdo e o desgaste da empatia

O inacreditável virou corriqueiro:

  • Violência nas ruas, nas escolas, em casa;
  • Guerras que duram anos com milhões de vítimas;
  • Desigualdade brutal, fome e pobreza extrema;
  • Desastres ambientais cada vez mais frequentes.

Antes, essas notícias chocariam por semanas; hoje, são apenas um post no feed ou um story rápido.

O sociólogo Zygmunt Bauman descreve essa condição como “sociedade líquidaˮ onde tudo é transitório e desconectado, inclusive nossos sentimentos.

A crise de saúde mental no Brasil: números alarmantes

Em 2024, o Brasil registrou o maior número de afastamentos do trabalho por transtornos mentais da última década, com 472.328 licenças médicas – um aumento de 68% em relação a 2023. Esse crescimento está ligado a fatores como:

  • Luto pela perda de mais de 700 mil vidas durante a pandemia;
  • Estresse do isolamento social;
  • Insegurança financeira, agravada pela alta de 55% nos preços dos alimentos desde 2020.

Essa crise motivou o governo a reforçar a fiscalização da saúde mental no trabalho, atualizando normas para garantir mais proteção (fonte CNN Brasil).

Estados como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro concentram a maioria dos afastamentos, mas proporcionalmente o Distrito Federal, Santa Catarina e Rio Grande do Sul têm os índices mais elevados.

A cultura digital e a ilusão de impacto

As redes sociais criaram uma nova dimensão para o engajamento social:

  • Compartilhar um post;
  • Colocar um emoji de tristeza;
  • Fazer um comentário indignado.

Tudo virou moeda de valor, mas que nem sempre se traduz em transformação real.

A pesquisadora Brené Brown, referência em empatia e vulnerabilidade, alerta que a exposição digital nem sempre leva a conexões genuínas. O excesso de compartilhamento pode aumentar a sensação de solidão e isolamento, confundindo quantidade com qualidade de relação.

O risco da indiferença como hábito

A indiferença não nasce do dia para a noite, mas se instala aos poucos,
corroendo nossa sensibilidade. Tornar a indiferença rotina é perigoso porque:

  1. Diminui nossa percepção das injustiças;
  2. Facilita a perpetuação de sistemas opressores;
  3. Prejudica a construção de comunidades solidárias;
  4. Agrava problemas sociais pela falta de pressão por mudanças.

O impacto na saúde mental e na vida profissional

Não sentir a dor do outro não significa força. Muitas vezes, é sinal de esgotamento.

  • Burnout, ansiedade, depressão e sensação de vazio são reflexos dessa desconexão emocional.
  • O ambiente de trabalho espelha essa cultura: ambientes tóxicos, cobranças excessivas, falta de acolhimento e sentido.

Na EBAC, acreditamos que formar profissionais completos passa por formar pessoas conscientes e empáticas. Por isso, nossos cursos estimulam pensamento crítico, ética e construção de vínculos humanos.

Como resistir à cultura da indiferença e recuperar a empatia?

Resistir exige prática e coragem:

  • Reconheça quando estiver no piloto automático; dê uma pausa;
  • Cultive momentos de escuta e presença verdadeira;
  • Valorize ações concretas, mesmo pequenas, ao invés de engajamento simbólico;
  • Busque vínculos reais dentro e fora do trabalho;
  • Permita-se sentir o incômodo e agir a partir dele;
  • Eduque-se para entender as causas estruturais dos problemas.

Como diz a escritora bell hooks: “Empatia é um ato de coragem, não de fraqueza.ˮ

Pequenos gestos fazem a diferença

Não é preciso um ato heroico. Um olhar atento, uma palavra de acolhimento, um tempo dedicado a quem sofre, tudo isso pode transformar realidades.

Em um mundo acelerado, a empatia é um ato de resistência e a semente de uma sociedade mais humana.

Sentir ainda é um ato de coragem

A cultura da indiferença tenta nos convencer que sentir é luxo e que devemos ignorar o que dói para seguir em frente. A verdade é outra: a empatia é necessidade vital para nossa saúde individual e coletiva.

A rotina pode tentar engolir tudo, mas a resistência é possível. E a transformação começa com o que fazemos e com o que sentimos.

Referências para aprofundar

  • Han, Byung-Chul. A Sociedade do Cansaço
  • Bauman, Zygmunt. Sociedade Líquida
  • Brené Brown. A Coragem de Ser Imperfeito

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