She-Hulk e o “CGI ruim” que virou polêmica
O que está por trás da discussão gerada pela qualidade dos gráficos apresentados no trailer da nova série da Disney+.
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Em meados de maio, a plataforma de streaming Disney+ liberou o primeiro trailer de She-Hulk: attorney at law, em português Mulher-Hulk: defensora de heróis, série que integra o Universo Cinematográfico Marvel (MCU). O trailer mostra um pouco sobre quem é Jennifer Walter (interpretada por Tatiana Maslany), sua relação com o primo Bruce Banner (o Hulk) e como é sua transição para Mulher-Hulk.
Apesar do vídeo ter um alto índice de espectadores em poucas horas de lançamento – foram cerca de 78 milhões de visualizações em 24 horas, o público não ficou tão satisfeito com o que viu.
Na opinião de grande parte do público, os efeitos de CGI da personagem principal em sua forma de Mulher Hulk pareceram amadores demais para uma produção da gigante Marvel. Esse descontentamento gerou muitos comentários e memes por toda a internet.
Essa confusão toda deixou no ar uma questão: porque os efeitos aplicados na Mulher Hulk causaram tanta estranheza no público? É sobre isso que vamos falar neste artigo, mas primeiro…
O que é CGI?
Antes de chegarmos aos problemas com a nova série da Marvel, uma breve explicação sobre CGI. A sigla refere-se a Computer-Generated Imagery, ou imagens geradas por computadores em português. Ou seja, trata-se das imagens criadas digitalmente que vemos nos filmes e na televisão.
No audiovisual, o CGI é usado para criar ou manipular elementos gráficos em três dimensões, sendo aplicado em efeitos especiais ou animações digitais. Hoje em dia é uma ferramenta muito utilizada. Muitas vezes, mal sabemos diferenciar o que é CGI e o que é real.
Os exemplos e as possibilidades de criação com essa computação gráfica são inúmeras, mas isso é assunto para um outro artigo. Por hora, basta que você entenda esse básico sobre CGI para seguirmos.
O CGI de She-Hulk que não agradou
Ao analisar o trailer, vemos uma grande diferença na qualidade do CGI entre o Hulk de Bruce Banner e o de Jennifer. Inicialmente podemos creditar essa diferença ao fato de que Banner já é um personagem antigo do MCU, portanto possui a construção de seu personagem já bem estabelecida.
Porém, há uma outra reflexão a ser feita: o Hulk de Banner é representado por um ser “monstruoso”, com poucos traços humanos. Enquanto Jennifer se transforma em um Hulk muito mais “humano”, o que nos instiga a buscar por elementos realistas em sua personagem.
Quando vemos a representação de personagens irreais, não temos uma representação real para comparar. Dessa forma, visualizamos menos “falhas” nos gráficos. No caso de CGI reproduzindo imagens reais, ou muito próximas do real, como é o caso de She-Hulk, há com o que comparar. Isso eleva o nível de busca por reconhecimento de detalhes, desde a textura da pele até a movimentação do corpo.
Se observarmos a personagem She-Hulk, ela aparece com uma pele lisa, expressões faciais superficiais e movimentação corporal pouco natural, lembrando muito um personagem de vídeo-game.
Outro ponto de dificuldade para o CGI é a série ter grande foco na Mulher Hulk realizando tarefas simples da sua rotina. As aparições em plena luz do dia evidenciam ainda mais a falta de detalhes na representação gráfica da personagem. Não é à toa que a maioria das cenas de ação com muito uso de CGI acontecem no escuro!
Todos estes pontos em conjunto, da representação de um corpo (quase) humano à grande quantidade de cenas cheias de iluminação, causaram a estranheza com o CGI que gerou polêmica e muita discussão.
Projetos de CGI e seus grandes investimentos
Apesar dos avanços da tecnologia, trabalhar com CGI ainda é muito complexo, demorado e requer mão de obra especializada, o que torna esses projetos bastante caros. E ainda que profissões na área de computação gráfica, como artistas 3D, não sejam uma novidade, ainda há muita dificuldade para encontrar profissionais no mercado.
Os grandes orçamentos com CGI costumam ser aceitos por grandes produções de cinema, que buscam recuperar o investimento através de bilheterias. Por exemplo, uma produção como Vingadores: Ultimato, também do Universo Marvel e que é um grande show de CGI, tem um orçamento estimado em US$356 milhões.
Para séries e produções sequências, como é o caso de Mulher Hulk, dispor de grandes investimentos pode ser prejudicial para criação de novas temporadas por não ter um retorno financeiro como as bilheterias de cinema.
Há quem acredite que os estúdios responsáveis por She-Hulk invistam em melhorias nos gráficos da produção, como foi o caso de Sonic: O Filme, que recebeu um investimento adicional de US$ 35 milhões para corrigir o CGI que havia sido apresentado em seu trailer.
De toda forma, o resultado final dos gráficos e a história de Jennifer Walter como Mulher Hulk no MCU estarão disponíveis a partir de 17 de agosto, na plataforma de streaming da Disney+.
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