NFTs: este é o futuro da arte?

Última atualização
29 set 2023
Tempo de leitura
6 min

Outras pessoas podem baixar pela internet e copiar o arquivo infinitamente, mas só uma tem o “original”

As três letras que têm causado furor no universo das criptomoedas, NFT são a sigla para non-fungible tokens em inglês, ou tokens não-fungíveis – como um “selo de autenticidade” digital. E o registro de que trata-se de algo único é feito em um blockchain.

Essa tecnologia permite adquirir e validar propriedade de qualquer arquivos digitais, como obras de arte, arquivos de música, textos, vídeos, e até GIFs, jogos, tweets e memes. Isso mesmo, até memes. Mas… Porque alguém iria querer comprar um GIF?

O conceito por trás do NFT

Os NFTs são projetados para provar a autenticidade e a propriedade, algo que não pode ser copiado, e muitos veem o fenômeno como uma evolução do mercado de fine arts – só que com arte digital. Afinal, colecionadores de arte têm o prazer de serem donos de uma obra original: qualquer um pode comprar uma gravura de Monet, mas apenas uma pessoa possui o original.

E já tem muita gente que aposta nesse modelo de mercado. Como quem comprou um vídeo de 50 segundo da Grimes por 390 mil dólares ou o empresário, codificador e investidor de blockchain, Metakovan, o pseudônimo do fundador e financiador da Metapurse, que arrematou a obra do artista digital Mike Winkelmann, conhecido como Beeple, por U$ 69 milhões em um lote único.

A venda da colagem “EVERYDAYS: THE FIRST 5000 DAYS” se tornou histórica: essa é a primeira casa tradicional de leilões, a Christie’s Auction House, de Londres, a oferecer uma obra puramente digital e com NFT ; e a aceitar criptomoedas, além das formas tradicionais de pagamento pelo obra. Isso posicionou Beeple como um dos três artistas vivos mais valiosos.

Inclusive, Nymphéas de Monet foi leiloado por U$ 54 milhões, em 2014 – 15 a menos que a obra NFT de Beeple. Vincent Harrison, um galerista de Nova Iorque disse à Wired. “É a propriedade que cria valor, portanto, com os NFTs, você não apenas tem a propriedade, mas também a blockchain, você tem a propriedade que é transparente para todos verem.”

EVERYDAYS: THE FIRST 5000 DAYS, por Beeple (Reprodução: Beeple/Designboom)

Vale um parênteses aqui: blockchain é como um grande livro contábil, que registra vários tipos de transações e tem seus registros espalhados por vários computadores. Esse “livro contábil” registra vários tipos de transações, além de bitcoins e outras criptomoedas, faz seus registros espalhados por vários computadores. Uma matéria publicada no portal de notícias G1 faz uma ótima analogia para explicar a lógica: é como se as páginas que registram o envio e recebimento de valores estivessem armazenadas em diversas bibliotecas ao redor do mundo e portanto apagá-las seria no mínimo uma tarefa penosa. Isso torna o sistema mais seguro, garantindo que a moeda chegue ao destino correto e que transações anteriores não sejam alteradas sem comprometer toda a cadeia. E mais: essas informações são públicas, ou seja, qualquer pessoa pode conferir as movimentações registradas nela.
Por exemplo, uma carga de soja enviada dos Estados Unidos para a China se tornou o primeiro carregamento agrícola que teve todas as suas etapas registradas em blockchain.

E… o que tem de tão interessante nisso tudo?

Bom, se você é o artista, isso te impacta diretamente, uma vez que a venda é feita diretamente entre as partes, sem intermediários, como gravadoras, distribuidoras, galeristas, etc. Criar obras de arte como NFTs significa que o conteúdo de um artista pode ser vendido globalmente em mercados descentralizados. Além disso, existe um recurso dos NFTs que paga um percentual ao artista a cada vez que a obra é vendida ou muda de proprietário.

Há algumas tentativas de conectar NFTs a objetos do mundo real, geralmente como uma espécie de método de verificação. A Nike patenteou um método para verificar a autenticidade dos tênis usando um sistema NFT, que ela chama de CryptoKicks.

Os NFTs já existem há um bom tempo, mas se tornaram tecnicamente possíveis quando o blockchain Ethereum adicionou suporte para eles como parte de um novo padrão. A explosão aconteceu em 2017 com os cryptokitties, um dos primeiros jogos de blockchain do mundo operando na rede de blockchain e que permitia aos usuários trocar e vender gatinhos virtuais. (Obrigada, internet!)

Hoje, alguns desses gatinhos virtuais estão à venda e podem chegar a 1 milhão de dólares.

NFTs e problemas ambientais

Sim, existem uma relação de NFTs e sustentabilidade. A verdade é que o custo ecológico é bem alto. Explicamos: as criptomoedas no blockchain usam um algoritmo para armazenar informações em muitos nós de uma rede, enquanto permanecem confiáveis ​​e seguras.
Este processo é extremamente intenso para os computadores o que, portanto, gera um consumo de energia elétrica absurdamente alto. “Estima-se que uma única transação ethereum [criptomoeda dos NFTs] tenha gasto em média de cerca de 35 kwh”, escreve o artista computacional e o engenheiro Memo Akten em “O custo ecológico irracional de #cryptoart”. Ele continua: “‘Eu também fui abordado por outro cripto artista perguntando sobre sua pegada. Eles ficaram horrorizados ao saber que era em torno de cem toneladas de CO2.

Só os bitcoins, moeda digital mais utilizada do mundo, tem centenas de plantas industriais, conhecidas como “fazendas”, espalhadas pelo mundo e que consomem anualmente mais energia do que toda a Argentina, segundo um levantamento da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. O NFT também exige um alto gasto de energia com os muitos cálculos feitos em computadores para verificar as transações.

E o mundo da arte nessa história toda?

Embora os leiloeiros experientes do Christie’s tenham saltaram quando avistaram uma oportunidade, o mercado de arte contemporânea não vê a cena privilegiada de elite de colecionadores com bons olhos. O crítico de arte JJ Charlesworth escreveu em sua coluna no site ArtReview, “que a arte contemporânea divide espaço com a subcultura contra-normativa, como música indie, filme independente e literatura, enquanto se alinha a um espectro de subculturas políticas radicais – um lugar para se posicionar contra os valores tradicionais, conservadores, consumistas.” Para o crítico, o mundo da arte assiste dilacerado esse espetáculo por atenção que o pop e a massificação estão operando.

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