Produtor de games: expectativa X realidade

Última atualização
03 out 2023
Tempo de leitura
7 min

Desvendamos os 7 mitos mais populares sobre essa profissão

Projetos em Games

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Torne-se um designer de games e transforme sua paixão em uma profissão altamente requisitada. Você vai aprender todas as etapas da criação de um jogo, desde a primeira ideia até o lançamento, passando pelo design e pela usabilidade. Ao final, você terá a estrutura completa de um game, com conceito, personagens, desafios e interações.

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No processo de criar um game, há diversas etapas e pessoas envolvidas: os designers, os desenvolvedores e programadores, os artistas 3D, os engenheiros de som, os testadores do jogo… Em um projeto tão grande e que envolve tantas equipes diferentes, é natural que exista uma pessoa para organizar tudo e certificar que todas as metas e prazos estejam alinhados.

E essa pessoa é o produtor do jogo — também conhecido como gerente de projeto ou game manager. Conversamos com o produtor de games Glauco Costa, que atua na profissão desde 2020 para o estúdio estadunidense BlackFoot Studios, para desvendar mais sobre a profissão.

Mito: você vai desenvolver o jogo, como um programador
Verdade: você não vai lidar com os códigos e programação de maneira alguma

Muitas pessoas confundem os dois por conta do nome mas, no geral, o produtor não é quem vai criar os códigos para que o game corra conforme combinado.

Ele é quem vai combinar como o game deve correr e supervisionar para que isso aconteça, além de também supervisionar a parte artística do jogo. Isso significa ficar “em cima” de tudo que o time de artistas, designers, programadores e engenheiros de som estão fazendo para certificar-se que o que eles estão entregando tem qualidade e está no prazo.

Mito: você vai passar o dia jogando video game
Verdade: essa é uma pequena parte da rotina

Você vai participar de alguns testes do jogo. Como conta Glauco, você precisa adentrar o jogo e ver em que pé ele está, e isso inclui jogá-lo, uma parte que pode ser bem legal mas, no caso dele, acontece apenas uma vez por semana por cerca de 30 minutos. Isso pode mudar de empresa para empresa.

O resto da semana consiste de preencher muitas planilhas. Tem a planilha de task list, a de bug tracking, a de controle de inventário, a de copywriting, a de controle de licenciamento de marcas. Diversas.

Para preenchê-las, também há um contato constante e diário com o criador e dono do jogo e algumas reuniões em que você define não apenas os prazos mas também a equipe necessária para contratar — isso porque parte do trabalho do produtor também é identificar onde está faltando braço.

Crédito: Ground Branch/Reprodução

Mito: você precisa ter formação em desenvolvimento ou programação
Verdade: não há uma formação específica para chegar na posição

Não existe uma graduação superior específica para ser produtor de games.

Normalmente, a pessoa que chega nessa profissão trabalha como um dos profissionais em uma das áreas do jogo e então começa a se envolver com as demais áreas, sugerindo e aprendendo, até que ele adquira expertise na criação do jogo como um todo.

No caso de Glauco, ele começou como designer gráfico (sua profissão de formação) para o jogo Ground Branch, ainda na sua versão beta. Ou seja, ele não participava nem mesmo do design do jogo em si mas da criação dos banners e outras peças de divulgação sobre o jogo.

Nesse processo de ajudar a divulgar, ele foi vendo que tinha muita coisa que não estava legal para soltar para o público e sugeria mudanças no design, no som, no código, no controle do personagem, no mapa do jogo… Até que começou a se envolver oficialmente nisso, a convite do criador, fazendo planilhas para melhorias, prazos, metas… E foi assim que acabaram oferecendo a ele o cargo de produtor.

Mito: você vai ajudar na criação de ideias para o jogo
Verdade: 90% do trabalho é burocrático

Grande parte das pessoas que querem trabalhar com jogos tem a expectativa de trabalhar ativamente ajudando na criação de ideias.

No caso de Glauco, isso é uma realidade, já que ele trabalha diretamente com o criador do jogo em uma relação muito próxima e foi contratado para lidar apenas com esse jogo específico, mas isso não é a realidade em todas as empresas.

Em muitas delas, um produtor fica responsável por mais de um projeto ao mesmo tempo. Nesses casos, o envolvimento costuma ser muito mais frio e focado apenas na supervisão das metas e prazos.

Mito: você só vai trabalhar com jogos com os quais se identifica
Verdade: você pode ficar responsável por qualquer tipo de jogo

Atualmente, existem diversos tipos de jogos no mercado, como de puzzles, de simulação de esportes, de atirador em primeira pessoa, de lutas com multiplayers, de arcade de aventura ou de terror.
Você pode ser designado para projetos que não gosta e é preciso entender o que o público quer daquele game, não deixar sua opinião pessoal falar mais alto.

Glauco trabalha no jogo Ground Branch, um jogo de realismo tático em que você controla, em primeira pessoa, um atirador da elite militar na CIA. É um jogo que ele se identifica e é, não apenas funcionário, mas também fã. Mas esse nem sempre é o caso.

Mito: entendimento da parte técnica é só o que você precisa
Verdade: você precisa ter diversas soft skills para organizar o processo

O trabalho não é sobre programar o jogo você mesmo, mas organizar as pessoas envolvidas nele para que ele saia de acordo com o combinado. Para isso, além de entender de todo o técnico de cada área, há diversas habilidades pessoais necessárias.

Primeiro, organização. Muita. Você é a pessoa que vai ficar responsável pelos prazos, pelas planilhas, pelo cumprimento de metas. São muitas tarefas e você precisa saber se organizar para dar conta de entregar todas elas de acordo.

Também é preciso ter muita curiosidade. Não basta você ter formação em design e se informar apenas sobre o visual do jogo, você tem que querer saber sobre como funciona a parte de codificação, de engenharia de som, tudo.

Além disso, saber lidar com pessoas é imprescindível, já que você vai estar supervisionando e direcionando diversas equipes, comunicando a cada um o que eles devem fazer. Mas não apenas você vai lidar com elas, conversar com o público em fóruns e entender as queixas e sugestões também vai te ajudar a se tornar um produtor de games muito melhor.

Crédito: Ground Branch/Reprodução

Mito: por não fazer os códigos ou o visual, você pode usar qualquer computador
Verdade: você precisa de equipamentos caros, como os designers

Um laptop, por exemplo, a não ser que seja um macbook muito avançado, não vai dar conta. Isso porque você integra o jogo em sua parte de desenvolvimento então, assim como os desenvolvedores e designers, você vai precisar de uma placa de vídeo bem potente com boa memória e recursos avançados.
Tudo para supervisionar o trabalho e até testar. Todo esse equipamento custa bastante caro.

Sobre o salário de um produtor de games

Segundo o site GlassDoor, o trabalho de um produtor de games no Brasil vai de R$ 2.600 a R$ 16.000. No entanto, essa é uma área que tem muita oportunidade internacional, então você pode considerar esse salário e multiplicar pela cotação atual do dólar (atualmente cerca de 5 vezes o valor do real).
Pensando nisso, dá para ter um salário estratosférico fazendo o que você gosta. E é uma indústria multicultural, em que é muito comum trabalhar com diversas pessoas ao redor do mundo.
No caso de Glauco, por exemplo, seu primeiro emprego na área já foi para uma empresa dos Estados Unidos.

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Equipe EBAC

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