O que é um desenvolvedor Unity e como se tornar um?

O processo de desenvolvimento de jogos, atualmente, está mais simples. Se antes os profissionais tinham que escrever inúmeras linhas de código para fazer o jogo funcionar, hoje os comandos podem ser feitos com um clique. E isso só é possível graças às ferramentas como o Unity.

Para saber mais sobre essa ferramenta e como se tornar um desenvolvedor Unity, conversamos com o CEO da Skullfish Studios, atualmente gerente de programação da Aquiris e também professor do curso professor do curso Unity do Zero ao Pro da EBAC.

O que é Unity

O Unity é uma plataforma de criação e operação de conteúdo interativo 3D. Ele é utilizado em diversas áreas como cinema, arquitetura, automotiva e, principalmente, na de jogos.

Também chamada de game engine ou motor de jogo, em português, o Unity é um programa de computador que centraliza e simplifica o desenvolvimento de jogos eletrônicos. A partir dele, os desenvolvedores conseguem otimizar o tempo de produção do jogo porque não precisam fazer tudo do zero.

No Unity é possível ter acesso a diversos elementos que compõem um jogo como:

• Motor gráfico para renderização de gráficos 2D e 3D;
• Motor de física que simula interações entre objetos;
• Sistema de iluminação;
• Texturas;
• Animações;
• Sons;
• Programação de inteligência artificial;
• Simulação de partículas.

“Antigamente, para fazer um jogo, o profissional precisava escrever inúmeras linhas de código de programação. Isso levava muito tempo e era um trabalho extenso. Hoje, com uma game engine, é possível fazer jogos de uma maneira mais rápida, simples e menos burocrática. Com o Unity é possível fazer um jogo simples em um ou dois dias. Basta apertar um botão e ele já faz um monte de coisas. Então, é muito mais simples hoje em dia”, explica Rafael.

No mercado, o Unity é uma das game engines mais populares. Com suporte para a linguagem de programação C#, é possível criar jogos para diversas plataformas: PC, consoles, realidade virtual, realidade aumentada e mobile.

Jogos como Fall Guys: Ultimate Knockout, Hearthstone, Monument Valley, Ori and the Will of the Wisps, Cuphead, Angry Birds e Call of Duty foram desenvolvidos através do Unity.

O que é um desenvolvedor Unity

Os chamados desenvolvedores Unity, no geral, são programadores. Esses profissionais dominam a ferramenta e são responsáveis por dar vida aos jogos através de uma linguagem de programação.

O trabalho de um desenvolvedor não é visível para os jogadores: ele fica por trás de um jogo. É ele quem vai determinar os comandos, especificar os recursos, implementar funcionalidades e manter a qualidade dos códigos do jogo. Este profissional também vai testar o jogo e adaptá-lo para diversas plataformas.

Rafael ainda complementa que o programador que domina o Unity pode escolher se especializar. “Dentro da programação você pode ser programador de interfaces, de gameplay, de sistemas ou de back-end, por exemplo. Além disso, você também pode ser um programador visual, que é o chamado tech artist que é, basicamente, um artista e um programador ao mesmo tempo. É possível se especializar em várias áreas dentro da programação”, exemplifica Rafael.

Apesar da maioria dos desenvolvedores Unity serem programadores, Rafael alerta que é possível desenvolver jogos sem necessariamente saber programar. Isso porque o Unity tem recursos que facilitam essa criação, mas ela é limitada.

“A pessoa não precisa necessariamente saber programar para fazer algumas coisas no programa. Se você quer criar animações sem saber programar, é possível. Mas para criar um jogo completo, idealmente, você precisa saber programar porque fica mais fácil, otimizado e o projeto vai ser muito melhor estruturado”, conta Rafael.

Habilidades de um desenvolvedor Unity

Entre as habilidades necessárias para ser um desenvolvedor Unity estão: saber programar, dominar o Unity e ter boa comunicação.

• Saber programar

Para aproveitar o Unity de forma completa, o profissional precisa saber programar e ter conhecimento da linguagem C#. Esta é uma função técnica que vai possibilitar ao desenvolvedor criar jogos simples e complexos na plataforma.

Com essa habilidade é possível moldar o que está sendo desenvolvido do jeito que foi planejado, uma vez que o profissional consegue escrever os códigos de programação para que os personagens obedeçam os comandos pré-definidos, por exemplo, e para evitar que os bugs (erros) aconteçam.

• Saber mexer no Unity

Para ser um desenvolvedor Unity é preciso, principalmente, saber mexer na ferramenta. Isso é importante porque atualmente há várias game engines no mercado e cada uma delas tem um comportamento diferente.

“Se você quer fazer um boneco andar no Unity, você tem uma maneira de criar e colocar o boneco na cena. No Unreal (outra game engine) é diferente, há outra maneira. Então, para ser um desenvolvedor Unity, você precisa se acostumar com a ferramenta e estar sempre treinando”, opina Rafael.

• Boa comunicação

Apesar da possibilidade de um desenvolvedor Unity trabalhar sozinho, é mais comum que ele trabalhe com outros profissionais como animadores, sound designers, artistas e redatores, por exemplo. Por conta disso, é preciso que o profissional tenha uma boa comunicação.

Isso é importante para que o desenvolvimento do jogo seja feito como todos esperam. Afinal, o resultado será a soma do trabalho dos profissionais envolvidos. Por isso, ter uma boa comunicação com a equipe pode ser bom para achar soluções, pensar em possibilidades, pedir opiniões e para o alinhamento do projeto.

O mercado de trabalho para o desenvolvedor Unity

No geral, o mercado de jogos no Brasil teve uma expansão na pandemia. Atualmente, o cenário é um pouco mais delicado, mas não deixa de ser animador. Hoje, ao buscar por vagas no LinkedIn para desenvolvedor Unity, aparecem mais de mil oportunidades no Brasil.

Quando se fala em salário, de acordo com o Glassdoor, há vagas para desenvolvedores Unity que estão oferecendo de R$ 2 mil a R$ 14 mil para os profissionais, a depender do nível de experiência.

“Especificamente para o profissional de Unity, o mercado está grande. A pandemia abriu as portas para os profissionais trabalharem no exterior, então ficou muito mais simples trabalhar com empresas internacionais do que com empresas daqui. E lá fora, geralmente, os salários são maiores”, explica Rafael.

Como se tornar um desenvolvedor Unity

Não há uma fórmula certa para se tornar um desenvolvedor Unity. Mas há alguns passos gerais que podem ser tomados: fazer cursos de graduação ou livres; praticar; construir um portfólio e participar de game jams.

• Cursos de graduação ou livres

Para quem tem o objetivo de trabalhar com desenvolvimento de jogos, já existem cursos de graduação como o de Jogos Digitais, que foram feitos para quem tem vontade de seguir carreira na área. Por outro lado, há profissionais que fazem a graduação em Ciência da Computação para ter uma visão mais global da área, e depois seguem para a área de jogos.

Hoje também existem cursos livres que foram feitos para quem quer se especializar em Unity, como é o caso do curso Unity do Zero ao Pro da EBAC. Criado para pessoas que desejam aprender a desenvolver jogos, como designers e programadores que querem migrar para a área de games, o curso dá apoio teórico e prático para quem quer dominar a ferramenta e se tornar profissional na área.

• Praticar

Para ser um bom desenvolvedor Unity não há outra forma a não ser dominar a ferramenta. Para isso, é preciso mexer no programa e se arriscar a fazer jogos. Assim, aos poucos, a pessoa pode ir evoluindo.

“Eu costumo dizer que para trabalhar com jogos, você precisa fazer jogos. Então, pega uma semana e faz um jogo. Não tenta deixar ele perfeito. Só faz e termina. Depois começa outro. Cada vez que você faz, você vai aprendendo diferentes maneiras de fazer, tanto as erradas quanto as certas e, assim, vai evoluindo. Para se desenvolver no Unity é preciso fazer projetos e não ter medo de testar”, aconselha Rafael.

• Construir um portfólio com projetos

Para quem quer atuar no mercado de jogos, Rafael é enfático: é preciso construir um portfólio com os projetos. Isso porque é através do portfólio que é possível o profissional mostrar as suas habilidades práticas.

“Na área de jogos, o que importa é a experiência da pessoa e o que ela consegue fazer, mais do que os cursos que ela já fez. Quando eu vou analisar um currículo, seja de alguém que está entrando agora no mercado ou que já esteja inserido, são os projetos pessoais que chamam a atenção”, pontua Rafael.

Rafael ainda aconselha aqueles que querem alcançar uma vaga nesse mercado a criarem projetos e publicarem em ferramentas gratuitas como Itch.io ou Steam, onde é possível acessar os jogos e jogá-los. Além disso, é importante colocar o projeto em ferramentas online como GitHub porque, assim, os recrutadores têm acesso ao código do projeto.

“Quando você coloca os seus projetos nessas plataformas, os recrutadores conseguem olhar o jeito que você estrutura o seu jogo e como você faz o código. Se existem quatro ou cinco projetos publicados, é possível ver, inclusive, a evolução do profissional entre os projetos e analisar se a pessoa consegue aprender com os erros, se está cometendo as mesmas falhas ou está evoluindo. Então, o principal é o portfólio da pessoa”, conclui Rafael.

Por isso, é interessante se dedicar a fazer projetos. Em cursos como o da EBAC, por exemplo, a prática é levada muito a sério e o estudante tem a oportunidade de desenvolver quatro projetos que podem ser colocados em seus portfólios profissionais para enriquecê-los.

• Participar de game jams

Uma game jam é um desafio, que pode ser presencial ou online, onde desenvolvedores de jogos se reúnem para criar um jogo em um curto intervalo de tempo. Esses eventos são bons para que o profissional faça networking e teste suas habilidades.

“Nas game jams você tem um período de tempo, geralmente de três dias, para se reunir com pessoas que, na maioria das vezes você não conhece, e fazer um jogo. Elas são importantes porque você acaba tendo contato com pessoas que trabalham na área ou estão tentando trabalhar. Você aprende muito nessa troca e faz networking. E é sempre mais fácil quando se conhece alguém da área para te indicar para algum trabalho. Então, as game jams são importantes para quem está começando”, pontua Rafael.

Domine o Unity!

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