Trabalhos desenvolvidos pelo Rafael Grassetti. Reprodução: Grassetti.Artstation
Rafael Grassetti: o brasileiro por trás do jogo God of War
Conheça a história profissional do Rafael Grassetti, que hoje ocupa o cargo de diretor de arte no Santa Monica Studio
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O paulistano Rafael Grassetti (33 anos) é um artista digital e tradicional que trabalha na indústria do entretenimento há mais de 17 anos. Na bagagem, ele carrega cerca de 70 projetos e já trabalhou para empresas de diversas áreas, como produção cinematográfica, publicidade, design de coleção de estátua e design de brinquedos.
Há alguns anos, o seu foco vem sendo a criação de personagens, principalmente para games. Franquias como Mass Effect 3, Dragon Age 3 e Killzone: Shadow Fall são alguns dos jogos nos quais Grassetti já contribuiu com o seu trabalho.
Hoje ele atua como diretor de arte no Santa Monica Studio e está por trás do jogo God of War, uma das franquias mais populares da atualidade. Grassetti, inclusive, está envolvido no próximo jogo da franquia, chamado God of War: Ragnarök, que será lançado ainda este mês.
Começo da carreira profissional de Rafael Grassetti
Rafael Grassetti é natural de São Paulo e desde pequeno explora sua parte artística. Em entrevista ao podcast Sala 1604, Grassetti conta que, apesar de gostar de desenhar, essa não era a sua melhor habilidade quando era mais novo, mas que mesmo assim não deixava de desenhar. Ele se divertia copiando desenhos que via em revistas, mas foi com o surgimento da internet que começou a desbravar mais esse universo.
“Quando a internet surgiu, eu fui pesquisar um pouco mais sobre o que as pessoas estavam fazendo e o que era possível fazer no computador. Acho que a introdução do computador mudou bastante a minha vida, desde pequeno. Eu comecei a mexer com o paint, fazia desenhos lá. Então, desde que eu me conheço por gente eu sempre fui tentando procurar essas coisas”, conta o artista na entrevista.
Na época de escolher um curso superior, Grassetti optou pelo de desenho industrial, mas ele nunca se limitou e fez diversos workshops. Ele começou a fazer animação em flash (tecnologia que permite fazer animações para sites) e depois cursos de introdução ao 3D como o de 3ds Max (programa de modelagem tridimensional que permite a renderização de imagens e animações).
Além dessa parte digital, Grassetti também começou, na mesma época, a fazer esculturas tradicionais. “Todo mundo já brincou com massinha, mas eu comecei a esculpir mesmo quando o Alex Oliver (escultor figurativo) foi para São Paulo. Ele foi o cara que acabou introduzindo para muita gente no Brasil o que era essa área”, conta Grassetti.
Não demorou muito para Grassetti começar a trabalhar com 3D. Aos 17 anos, ele já atuava na criação de personagens para propaganda em produtoras de publicidade e, de lá para cá, vem acumulando experiências profissionais em grandes empresas.
De produtoras de publicidade para o Santa Monica Studio
No início da sua carreira profissional, Grassetti conta que era bem generalista e começou a se especializar na área de modelagem por necessidade.
“Naquela época eu era bem generalista, fazia de tudo. Eu ajudava bastante com rigging de animação (técnica de animação 3D) e acabei indo para a área de modelagem por necessidade. Havia alguns projetos que a gente pegava lá na produtora, que precisavam de mais modeladores, e eu fui entrando nessa área porque precisou na época”, explica Grassetti no podcast.
Nessa mesma época, o ZBrush (programa de modelagem digital tridimensional e texturização em alta resolução) estava se popularizando e Grassetti começou a aprender a mexer na ferramenta. Isso o ajudou a entender o que queria fazer profissionalmente e, aos poucos, foi se direcionando para a área de criação de personagem.
O trabalho do paulistano começou a chamar a atenção de estúdios internacionais e ele passou a atuar como freelancer para produções cinematográficas, publicitárias e indústria de brinquedos para empresas como a Hasbro, Marvel e Ubisoft.
Em 2011, Grassetti se mudou para o Canadá para trabalhar como artista de personagens na desenvolvedora de jogos eletrônicos BioWare. Lá, ele atuou nas franquias Mass Effect e Dragon Age. Em 2013, ele foi trabalhar na Sony, na Califórnia, como supervisor de arte de personagem e trabalhou em jogos como Killzone: Shadow Fall, Infamous: Second Son e The Order 1886.
Depois, Grassetti foi para a Santa Monica Studio (equipe de desenvolvimento de videogames da PlayStation de propriedade da Sony), onde está até hoje e ocupa o cargo de diretor de arte, responsável pela parte visual da série God of War. Além disso, em 2021, Grassetti começou a se aventurar no universo das NFTs.
Trabalho do Grassetti no God of War
God of War é uma série de jogos de ação e aventura da Sony que começou em 2005 para o console PlayStation 2 (PS2). O jogo acabou se tornando o carro-chefe para a PlayStation e, até agora, há oito jogos do God of War em várias plataformas. A previsão é de que a próxima saga da série, chamada God of War: Ragnarök, seja lançada ainda este mês.
No geral, o jogo é baseado em distintas mitologias e conta a história de um guerreiro espartano chamado Kratos, que foi levado a matar sua família pelo deus da guerra Ares. Isso desencadeia uma série de eventos que levam a guerras com os panteões mitológicos.
God of War é uma das franquias mais populares da atualidade e é um fenômeno internacional de vendas, e parte disso é graças ao trabalho do Grassetti. Isso porque, a partir de conceitos desenvolvidos pelo diretor-geral do jogo, Eric Williams, Grassetti tem a responsabilidade de transformar tudo em imagens e movimentos – do visual dos personagens até a ambientação das cenas.
Em entrevista ao canal Voxel, Grassetti conta que fazer a parte visual dos personagens Kratos e Atreus foi o seu maior desafio. “Quando eu entrei no projeto, recebi a proposta do Cory Barlog (diretor criativo do Santa Monica Studio) e entendendo a história, ele acabou confiando bastante em mim para fazer toda essa parte visual junto com a equipe. A gente tem a parte de concept art – três pessoas que fazem concept de personagens -, e trabalhando junto com esse pessoal, a gente acabou desenvolvendo (os personagens). Foi uma colaboração entre o 3D no jogo e os desenhos”, explica Grassetti.
Grassetti ainda conta que o Kratos que foi desenvolvido para o último God of War, lançado em 2018, levou anos para ser aprovado. Nesse processo, ele fez, inclusive, esculturas do personagem para mostrar e convencer a equipe sobre o que ele tinha em mente.
“Quando eu comecei a fazer esculturas no tradicional, no clay (massa para escultura), para mostrar para o Cory e para o estúdio, a galera começou a entender um pouco mais a visão que eu estava querendo passar. Foi assim que a gente começou a aprovar algumas coisas e aí eu comecei a fazer as coisas no 3D. (…) Mas foi um processo de convencer todo o resto a esse novo visual”, contou Grassetti na entrevista.
O novo jogo da saga, esperado há anos pelos fãs, vai fazer com que os jogadores acompanhem as aventuras de Kratos ao lado do filho Atreus na tentativa de impedir o Ragnarök, o fim do mundo da mitologia nórdica.
De acordo com a VEJA, no processo de criação desse novo jogo, o brasileiro faz a ponte entre diversos departamentos, do chamado ‘design de combate’ às discussões com roteiristas para estipular os rumos da história. Trata-se do trabalho essencialmente criativo, que dura anos e costuma ser limitado apenas pela tecnologia.”
Agora é esperar o lançamento para ver, no novo jogo, o resultado do trabalho feito pelo Grassetti.
Torne-se um modelador 3D!
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